Casa da infância de Muhammad Ali está à venda em Louisville depois de ser convertida em museu
Oito anos após sua morte, a casa onde Muhammad Ali cresceu sonhando com a fama no boxe – e onde centenas de fãs se reuniram para uma despedida emocionante enquanto seu cortejo fúnebre passava décadas depois – está à venda, em Louisville, no Kentucky.
O imóvel de dois quartos e um banheiro foi convertido em um museu logo após a sua morte, em 2016, e ofereceu um vislumbre dos anos de formação do campeão de boxe e personagem humanitário conhecido mundialmente como ‘The Greatest’ (O Maior, em inglês). A casa foi colocada à venda nesta terça-feira junto com duas casas vizinhas – uma foi transformada em uma loja e a outra em um local de aluguel de curto prazo.
Os proprietários estão pedindo US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 7,9 milhões) pelas três propriedades. Encontrar um comprador disposto a manter a casa da infância de Ali como museu seria “o melhor resultado possível”, disse o coproprietário George Bochetto.
“Isso faz parte da cultura americana”, disse Bochetto, advogado da Filadélfia e ex-comissário de boxe do estado da Pensilvânia. “E precisa ser tratado e respeitado como tal.”
O museu abriu para visitas pouco antes da morte de Ali em 2016. Bochetto e seu parceiro de negócios na época renovaram a casa de madeira para ficar como era quando Ali – conhecido então como Cassius Clay, antes da conversão ao islamismo – morava lá com seus pais e irmão mais novo.
“Você entra nesta casa… você volta a 1955 e estará no meio da casa da família Clay”, disse Bochetto durante uma entrevista em 2016.
Usando fotos antigas, os desenvolvedores replicaram os móveis, os eletrodomésticos, as obras de arte da casa e até mesmo o exterior rosa da época em que Ali morava lá. O museu apresentava vídeos focados na história da educação de Ali, não em sua histórica carreira no boxe. “Para mim, essa é a história maior e mais importante”, disse Bochetto em entrevista na semana passada.
Ali começou no boxe depois que sua bicicleta foi roubada. Querendo denunciar o crime, Ali, de 12 anos, foi apresentado a Joe Martin, um policial que também trabalhava como treinador de boxe em uma academia local. Ali disse a Martin que queria chicotear o culpado. O ladrão nunca foi encontrado, nem a bicicleta, mas Ali tornou-se frequentador assíduo da academia de Martin.
Ali morava na casa quando partiu para a Olimpíadas de Roma em 1960. Ele voltou com a medalha de ouro, iniciando uma carreira que o tornou uma das figuras mais reconhecidas do mundo como tricampeão de boxe peso pesado e humanitário mundial.
A casa se tornou um ponto focal mundial no dia do enterro de Ali, quando centenas de pessoas fizeram fila na rua em frente à casa enquanto seu carro funerário e cortejo fúnebre passavam lentamente.
Apesar de sua estreia de destaque, o museu enfrentou problemas financeiros e fechou menos de dois anos após a inauguração. O museu está situado em um bairro no oeste de Louisville, a vários quilômetros do centro da cidade, onde o Centro Muhammad Ali preserva seus legados humanitários e de boxe.
À medida que os esforços para reabrir o museu da infância enfraqueciam, as ofertas para mudar a casa de 111 metros quadrados para Las Vegas, Filadélfia e até para a Arábia Saudita foram recusadas, disse Bochetto.
“Eu não faria isso porque é uma peça importante da história de Louisville, da história do Kentucky e acho que precisa permanecer exatamente onde está”, disse ele.
O investidor imobiliário de Las Vegas, Jared Weiss, comprou a casa de infância de Ali – então degradada e vazia – em 2012 por US$ 70 mil, com planos de restaurá-la. Três anos depois, Weiss firmou parceria com Bochetto, que adquiriu metade da participação no projeto. Ambos eram fãs ávidos de Ali e gastaram centenas de milhares de dólares no projeto de restauração.
Eles também compraram as duas casas vizinhas, financiaram um documentário, subsidiaram as operações do museu e incorreram em despesas com as três propriedades. Weiss já morreu e sua esposa é coproprietária do projeto.
Agora, Bochetto disse que espera encontrar um comprador com “know-how operacional e de marketing” para tornar o museu um sucesso. “Quero ter certeza de que continuará assim e nunca mais voltará para onde foi abandonado ou dilapidado”, disse ele. “Isso nunca deveria ter acontecido.”