Carlos Frias e o Dia das Mães
Nos velhos tempos do rádio, o locutor Carlos Frias (casado com a atriz Aimée), lia, diariamente, na Rádio Tupi, sua crônica “Boa noite para você”, sempre endereçada a alguma pessoa, por seu feito ou por sua importância na sociedade – fosse ela um empresário, um político, um enfermeiro ou um simples gari. Sua forte voz bem modulada, tinha a beleza reforçada pelo fundo musical, bastante suave, da orquestra de Glenn Miller ao som de Moonlight Serenade, até hoje um clássico da música popular norte-americana. Dependendo do tema focado, em sua voz por demais suave no tom e estilo, emocionava a maioria dos ouvintes.
Caso eu tivesse uma abençoada voz igual a dele ou do nosso amigo José Lacerda, talvez pudesse enviar esta mensagem falada, mas como não tenho, envio mesmo por escrito a uma mãe muito especial, de algum lugar deste imenso Brasil que, com muita simplicidade diante de um repórter, aos 104 anos, disse que estava indo visitar o filho, de 81 anos, doente – pois precisava cuidar dele. Foi um flash passado na televisão sem que pudesse localizar onde.
Por isto eu diria – “Boa noite para você” dedicada mãe que, aos 104 anos, ainda tem fibra e carinho, com seu filho, para cumprir a bela e suprema missão de Mãe, mesmo com simplicidade e humildade, independente dos ralos recursos disponíveis, com sua dedicação maternal e especial, dando uma lição à muitas mães de hoje, que deixam os filhos ao léu, desprovidos de cuidados. Cento e quatro anos de força e determinação em ajudar um filho com tanto carinho e dedicação, mesmo que seja para levar-lhe uma modesta refeição ou para preparar-lhe um simples prato de mingau, mas dando-lhe, acima de tudo, todo o calor humano de Mãe pois, como escreveu um trovador – “ Mãe – alma querida e santa/ – astro de divino brilho,/ cuja luz a treva espanta/ dos dissabores do filho”. – que Deus a abençoe e proteja!
Aquela era outra época, outro astral no entretenimento do dia-a-dia, e o ouvinte, só pela entonação da voz, imaginava um cenário, uma visão poética da mensagem. Como sinto saudades do meu tempo de antigamente, em que era pura troca de amor e respeito, simplesmente. – jrobertogullino@gmail.com