Cara crachá
Vivemos recentemente um problema causado na Rede Globo por um ator que teve atitudes em desacordo com os valores sociais e provavelmente com os valores da empresa. Isto poderia ter denegrido completamente a imagem da emissora. Tal fato não é incomum. Estamos acostumados a assistir coisas parecidas ao nosso redor.
Muitos me conhecem como Filho da Dona Miriam. No meu crachá de mortal está lá: Filho da Dona Miriam. E, por conta disso, tenho que manter a compostura. Qualquer ato fora das regras vira logo: Puxa! Olha só o que o Filho da Dona Miriam fez! E, nessa hora, a Dona Miriam é penalizada e marcada por algo que talvez desconheça e nem aprove. Mas já é tarde! Já está em boca de “Matildes”, pois seu nome veio à baila. Será difamada, falada e isolada.
E essa situação vale igualmente para as empresas. Muitas vezes são atacadas e penalizadas como um todo pela ação de alguém que simplesmente estava com a “cara no seu crachá”. Devemos lembrar que quando estamos a serviço de nossas empresas, a estamos representando.
Me responda: Você liga para uma operadora de celular. Atende uma “Matilde”. E descarrega nela toda a raiva e insatisfação. Nessa hora, você está xingando a “Matilde”? Você conhece a “Matilde”? Foi a “Matilde” que te causou a insatisfação? Garanto que sua resposta será não. Inadvertidamente transformamos a pobre “Matilde” em uma empresa com a qual estamos furiosos.
E isso acontece a toda hora.
Da mesma forma que transformamos a “Matilde” na nossa empresa inimiga, também transformamos toda uma empresa em uma só pessoa. Pois essa pessoa, por algum motivo, representa a empresa naquele momento. E isso vale tanto para o bem quanto para o mal.
As corporações usam os famosos “garotos propaganda”, não é mesmo? Essa pessoa, em função de sua história de vida representa aquela empresa e seus valores. E a gente, por conta disso, acha que a empresa é tal legal quanto essa pessoa. Mas sabemos o que acontece se essa pessoa faz alguma coisa errada. Toda a empresa é penalizada, perde mercado e pode até vir a fechar as portas. E todos nós já presenciamos isso.
Temos sempre que entender em que lado estamos. Que chapéu estamos usando. Se você é a cara de um crachá lembre-se que está com o chapéu da empresa naquele momento. E que todos os impropérios que lhe são dirigidos, eventualmente, não são direcionados a sua pessoa.
E se você é empresário: lembre-se sempre que sua imagem está relacionada a quem apresenta o crachá de sua empresa ao cliente. É essencial treinar e preparar esta “cara no crachá” para representá-la bem. Caso contrário, poderá ficar com os crachás sem caras para colocar. Sua empresa pode ter entrado em um rodamoinho que alguém com a cara da sua empresa gerou. E o “Cara! Crachá!”? Pois é! Poderá ser, para sempre, a “cara” arruinada da sua empresa. mairom.duarte@csalgueiro.com.br.