Caprichos da história – pérolas de Dilma
Ahistória tem seus caprichos. Durante o golpe militar de 1964,colecionamos gafes e besteiras ditas pelos generais que presidiram opaís e seus acólitos. Mário Lago, preso sempre que havia umainsurreição no Brasil, reuniu vários causos ocorridos logo após aquartelada, numa obra intitulada 1º de Abril – estórias para aHistória.
Lembrode muitas historietas e uma delas reproduzi na coluna do jornal emque trabalhava na ocasião em Manaus. Dizia respeito às declaraçõesde uma advogada, inquirida por um coronel, que teimava emconsiderá-la comunista pelo fato ter viajado algumas vezes a Moscou.Como o militar insistisse com a depoente para que confessasse oujustificasse suas viagens à capital do comunismo internacional, delaobteve a singela resposta: “coronel, todo dia 2 de novembro vou aocemitério e não sou defunta”. Foi um deus nos acuda, o coronelespumou de raiva e a mulher foi recolhida ao cárcere, onde padeceuvários dias inc omunicável.
Aestultice do presidente Costa e Silva ofereceu farto material para oentão Festival de Besteira que Assola o País – Febeapá, criaçãode Stanislaw Ponte Preta. Emblemático o caso da Emobrás, “estatal”que intrigara o marechal como mais uma criação do governo, sem sedar conta de que se tratava apenas do aviso “Em Obras”. Hátantas outras de Figueiredo, Geisel, Médici e Castelo Branco, queencheriam a página. De Figueiredo, sem papas na língua, que diziapreferir o cheiro de cavalo ao de povo e pregava que se jogasse umabomba atômica como solução para as favelas no Rio de Janeiro, háum amplo repertório de piadas.
Caprichoda história, temos agora a guerrilheira Dilma Rousseff com um rol deestupidez que deixa os militares no chinelo. Combatente da ditadura,em defesa da democracia, mais uma de suas falácias, pois o que sequeria na época era substituir a ditadura militar pela doproletariado, Dilma certamente deve ter ironizado sem piedade osditadores. Agora, paga o preço, em cada discurso ou manifestaçãode improviso, o que deixa assessores e marqueteiros desesperados.
Éuma atrás da outra. Já há até na internet uma relação daspérolas de Dilma Rousseff, sagração da asneira e da ignorância.Vou além. Não tenho a menor dúvida de que a presidente temdificuldade na formulação do raciocínio mais elementar e ficaperdida numa espécie de confusão mental, labirinto do qual nãoconsegue escapar sem proferir as piores parvoíces do mundo.
Algumastiradas da lulopetista merecem destaque. Sobre o dia das crianças,uma joia: “o dia da criança é dia da mãe, do pai e dasprofessoras, mas também é o dia dos animais, sempre que você olhauma criança, há sempre uma figura oculta, que é um cachorroatrás”. Mas nada supera a das “mulheres sapiens” e da saudaçãoda mandioca. Vejam quanta originalidade: “Nós (nósss) somos dogênero humano, da espécie sapiens, somos aqueles que têmcapacidade de jogar, de brincar, porque jogar é isso aqui”, comointrodução para fa lar sobre a bola, “que é o símbolo da nossaevolução, quando nós (nósss) criamos uma bola dessas, nostransformamos em homo sapiens ou mulheres sapiens”.
Valeencerrar com mais essa antológica: “A autossuficiência do Brasilsempre foi insuficiente”. Com Dilma, que disse que o papa éargentino, mas que Deus é brasileiro, dá para duvidar da anunciadanacionalidade divina.
paulofigueiredo@uol.com.br