Cantor e compositor Moraes Moreira morre no Rio aos 72 anos
O cantor e compositor Moraes Moreira morreu na madrugada desta segunda-feira, 13, aos 72 anos. A causa da morte foi um enfarte. Ele estava dormindo.
Nascido em Ituaçu, na Bahia, o cantor se projetou na carreira com o grupo Novos Baianos, ao lado de Baby do Brasil, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão, poeta com quem escreveu os sucessos Preta Pretinha e Mistério do Planeta.
Em 1975, ele saiu da banda e iniciou uma vitoriosa carreira solo, tornando-se um dos pioneiros do trio elétrico no Brasil. No ano passado, estreou o show Elogio à Inveja, com músicas de outros autores.
Diante do momento de isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus, há quase um mês Moraes Moreira publicou nas suas redes sociais um cordel inspirado pela quarentena:
Quarentena (Moraes Moreira)
Eu temo o coronavírus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida,
A nossa fé é vacina
O professor que me ensina
Será minha própria lida
Assombra-me a pandemia
Que agora domina o mundo
Mas tenho uma garantia
Não sou nenhum vagabundo,
Porque todo cidadão
Merece mas atenção
O sentimento é profundo
Eu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito,
Os males não são eternos
Pois os recursos modernos
Estão aí, acredito
De quem será esse lucro
Ou mesmo a teoria?
Detesto falar de estrupo
Eu gosto é de poesia,
Mas creio na consciência
E digo não a todo dia
Eu tenho medo do excesso
Que seja em qualquer sentido
Mas também do retrocesso
Que por aí escondido,
As vezes é o que notamos
Passar o que já passamos
Jamais será esquecido
Até aceito a polícia
Mas quando muda de letra
E se transforma em milícia
Odeio essa mutreta,
Pra combater o que alarma
Só tenho mesmo uma arma
Que é a minha caneta
Com tanta coisa inda cismo….
Estão na ordem do dia
Eu digo não ao machismo
Também a misoginia,
Tem outros que eu não aceito
É o tal do preconceito
E as sombras da hipocrisia
As coisas já forem postas
Mas prevalecem os relés
Queremos sim ter respostas
Sobre as nossas Marielles,
Em meio a um mundo efêmero
Não é só questão de gênero
Nem de homens ou mulheres
O que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade,
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude
Não tem tempo, nem idade
*Atualizado às 12h36