• Candidatos discutem finanças, expansão da máquina pública e relação com a Câmara Municipal

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  • 23/out 08:30
    Por Wellington Daniel | Foto: Reprodução

    Os candidatos a prefeito Hingo Hammes (PP) e Yuri Moura (PSOL) falaram à Tribuna de Petrópolis sobre a situação financeira da Prefeitura para 2025. Com dívidas elevadas e queda de receitas, o próximo prefeito enfrentará o desafio de administrar a cidade, enquanto lida com a manutenção de três secretarias criadas pela gestão atual. Além disso, será necessário construir uma boa relação com a Câmara Municipal para garantir a governabilidade.

    Esses foram os temas abordados no segundo dia de entrevistas com os candidatos que avançaram ao segundo turno. Hoje (23), a primeira resposta publicada é de Yuri Moura (PSOL).

    Finanças preocupam

    Na última audiência do quadrimestre, a atual gestão informou que a dívida consolidada líquida da Prefeitura mais que dobrou em oito meses, chegando a R$ 428 milhões. Há também uma preocupação entre os vereadores quanto ao orçamento de 2025, pois a cidade terá menos recursos em caixa e precisará devolver valores recebidos a mais, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

    O vereador Fred Procópio (MDB) afirmou que está preparando um relatório financeiro detalhado sobre as dívidas que serão “herdadas” pela próxima gestão. Ele também expressou preocupação com o pagamento dos salários dos servidores, uma vez que o valor destinado às remunerações deve atingir R$ 819 milhões neste ano, e o orçamento de 2025 prevê uma queda de receitas, de R$ 1,7 bilhão para R$ 1,4 bilhão, o que pode comprometer o limite de gastos com pessoal.

    Tribuna de Petrópolis: Há uma preocupação na Câmara de Vereadores sobre a condição financeira da cidade em 2025. O vereador Fred Procópio chegou a dizer que a cidade poderá estar falida e prepara um relatório sobre a questão, podendo faltar, inclusive, dinheiro para pagar os funcionários públicos. Sua campanha já conseguiu ter uma dimensão real da crise do município? Quais são os planos para enfrentá-la?

    Yuri Moura (PSOL): “Vamos encontrar terra arrasada. Porém de imediato faremos um grande pente fino nos contratos, conseguiremos recursos federais, já que tenho ótima relação com Brasília, e avançaremos nas parcerias público-privadas em alguns setores, reservando o dinheiro público para as prioridades com os servidores, saúde, educação e serviços essenciais. Ao longo de 2025 vamos redimensionar o orçamento e fazer justiça fiscal, sem cobrar ou criar mais impostos, mas cobrando de quem hoje tem privilégio e não devolve para a cidade o que deveria.”

    Hingo Hammes (PP): “Temos consciência da gravidade da crise financeira que a cidade enfrenta. Uma das primeiras ações do meu governo será abrir a “caixa preta” das finanças públicas, analisando minuciosamente os números e realizando um levantamento detalhado da situação das contas do município. Com base nesses dados, vamos implementar um plano de ajuste fiscal robusto, focado em eliminar desperdícios e cortar gastos desnecessários, mas sem comprometer os serviços essenciais para a população. Além disso, vamos renegociar as dívidas existentes e buscar novas fontes de receita, como parcerias estratégicas com os governos estadual e federal, além de incentivos que atraiam novos investimentos para Petrópolis, gerando mais empregos e renda.”

    Novas secretarias

    A atual gestão criou três novas secretarias: a Secretaria da Mulher, a Secretaria da Pessoa com Deficiência e a Secretaria de Economia Solidária, Emprego, Trabalho e Renda. O custo adicional dessas secretarias foi de R$ 4,3 milhões, sendo que a última ainda não entrou em funcionamento.

    Tribuna de Petrópolis: A máquina pública também cresceu na gestão atual, com a criação de três secretarias. Seu governo manterá estas secretarias criadas recentemente? Haverá a redução de cargos comissionados, de uma forma geral?

    Yuri Moura (PSOL): “Iremos manter as secretarias criadas, mulheres, pessoa com deficiência e trabalho são temas importantes. Porém cortando vários cargos comissionados em toda a prefeitura. As políticas públicas não podem perder espaço, ao mesmo tempo precisamos enxugar os custos com pessoal por mera indicação político-eleitoral. Na reforma administrativa que faremos, vamos conseguir atender todas as temáticas da cidade sem inchar a máquina. Teremos planejamento, gestão, transparência e participação popular!”

    Hingo Hammes (PP): “O tamanho da máquina pública precisa ser equilibrado para garantir eficiência e, ao mesmo tempo, não sobrecarregar o orçamento. A Secretaria da Mulher desempenha um papel crucial na defesa dos direitos das mulheres e na promoção de políticas públicas que garantam segurança e bem-estar. Gostaria de fortalecer essa secretaria, ampliando suas ações e garantindo que tenha os recursos necessários para atuar de maneira ainda mais efetiva. Vamos revisar a estrutura de todas as secretarias e dos cargos comissionados, sempre pensando no que é melhor para a cidade e para a prestação dos serviços. Se houver a necessidade de reduzir ou reorganizar, faremos isso de maneira responsável, priorizando a eficiência da gestão e a transparência.”

    Relação com a Câmara

    Outro desafio importante para o próximo prefeito será a relação com a Câmara Municipal, fundamental para garantir a governabilidade diante das dificuldades financeiras. Atualmente, o candidato Hingo Hammes tem, em teoria, a maior bancada.

    Leia também: Confira os 15 vereadores eleitos para a Câmara Municipal

    O partido de Hingo, o PP, conquistou três cadeiras na Câmara, além de ter apoio de quatro vereadores eleitos por partidos da coligação (PL, União, MDB e PRD). Além disso, Hingo conseguiu o apoio de dois vereadores do PSD e um do PSDB, que no primeiro turno apoiavam o atual prefeito, Rubens Bomtempo (PSB).

    Por outro lado, o PSOL de Yuri Moura contará com uma cadeira na legislatura de 2025-2028. Yuri também tem o apoio do PCdoB, que elegeu uma vereadora e apoiou Bomtempo no primeiro turno, mas agora segue com ele.

    Um vereador eleito pelo PSDB ainda não declarou apoio a nenhum dos candidatos. Já o PSB, com dois vereadores, liberou sua bancada em relação ao segundo turno, mas declarou que será oposição tanto a Hingo quanto a Yuri.

    Tribuna de Petrópolis: Um dos grandes desafios do Chefe do Executivo é a relação com o Legislativo. Hoje, já temos as definições de quem ocupará as 15 cadeiras da Câmara em 2024. Como pretende manter o diálogo com a Casa?

    Yuri Moura (PSOL): “Fui primeiro secretário da Câmara Municipal, líder do partido na Assembleia Legislativa, aonde estou nas principais comissões da Casa. Demonstrei no 1° e neste 2° turno, muita capacidade de diálogo até mesmo com quem pensa algumas coisas diferentes. A minha relação enquanto prefeito será sempre de escuta, respeito e honestidade. Passando a eleição as disputas políticas precisam ficar para trás, Petrópolis precisa de muita gente junta para voltar a crescer e resolver os seus problemas!”

    Hingo Hammes (PP): “Acredito que a base para um bom relacionamento com o Legislativo é a transparência, o diálogo constante e o respeito mútuo. Vou trabalhar lado a lado com os vereadores, mantendo um canal de comunicação aberto, independente de partidos. O foco é Petrópolis. Quero trazer melhorias para a cidade. Minha gestão será participativa, sempre buscando o melhor para a nossa população. Divergências, quando tratadas com respeito e diálogo, enriquecem o processo democrático e geram soluções mais eficazes. Vou promover reuniões frequentes com o Legislativo e garantir que todas as decisões sejam baseadas em dados claros e objetivos, com o compromisso de colocar os interesses da cidade em primeiro lugar.”

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