• Campos Neto explica porque tecnologia do Drex é diferente das de outras moedas digitais

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  • 30/out 17:43
    Por Francisco Carlos de Assis e Eduardo Laguna / Estadão

    O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou nesta quarta-feira, 30, a diferença da tecnologia do Drex, a moeda digital do Banco Central (BC), das tecnologias das demais moedas digitais existentes no mundo. De acordo com ele, grande parte das moedas digitais no mundo foi feita com a visão de que a moeda é emitia pelos banco centrais e logo o instrumento afeta o balanço destas instituições, entre passivos e ativos.

    “O problema deste tipo de moeda é que, quando você a converte muito, você gera uma desintermediação dos balanços dos bancos, que é um problema que ninguém conseguiu resolver neste formato. Então, nós resolvemos fazer o Drex em um outro formato, que a gente chama de tokenização de depósitos”, explicou Campos Neto ao participar nesta tarde do 7º Anfidc – Encontro Nacional FDIC MM Tendências e Inovações, em São Paulo.

    No modelo brasileiro, de acordo com Campos Neto, o banco bloqueia um depósito, emite um token que gera a moeda. “Lembrando que isso gera muitas vantagens porque, por exemplo, a regulamentação é muito mais fácil porque já temos a regulamentação de depósitos e, como isso, é um depósito digital, ele já tem a regulamentação por tabela”, afirmou o banqueiro central.

    Então, continuou, ele Drex tem muitas vantagens e que no final é pensar como vai ser o mundo daqui a um ano e meio. “No final de 2025, vai ter alguns agregadores, alguns super Apps, que algumas pessoas gostam de chamar de marketplace de finanças, onde você não mais terá um App ligado a banco. Você vai ter seus dados centralizados ali e começará com uma experiência que eu acho que é muito mais rica. Por exemplo, se você quer fazer um pagamento, pode escolher se quer fazer com um banco ‘A’, ‘B’ ou ‘C’. Se eu quero fazer uma compra de crédito, boto lá uma compra eu vou ter um algoritmo que os bancos vão me dar, lembrando que nosso sistema tem o webhook, uma pesquisa constante até você ter uma comparação de preço”, disse.

    É uma tecnologia diferente, reforçou o presidente do BC. Mas, segundo ele, o que importa mesmo é que no final haverá um marketplace com melhores produtos, produtos sob medida, um spread melhor, com preço melhor, com mais transparência e com ajuda de outras ferramentas de Inteligência artificial e monetização de dados.

    Ao lembrar que era importante ampliar as possibilidade de uso de ativos fixos como garantia, de modo a reduzir o custo de crédito, Campos Neto citou avanços como o aperfeiçoamento do marco de garantias. Ao olhar para o futuro, ressaltou que quando o Drex começar a funcionar, será possível colocar um imóvel, como uma casa, dentro de uma plataforma para a realização de leilões com fracionamento do ativo. “Vai ter muita eficiência em relação ao que existe hoje”, concluiu.

    Taxonomia

    O presidente do Banco Central disse ainda que o G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, trabalha numa governança única para a interligação de sistemas de pagamentos instantâneos, como o Pix. Sob liderança do banco central da Itália, o grupo está discutindo uma taxonomia internacional de pagamentos, a ser observada pelos países que entrarem na rede.

    “Vai ter uma taxonomia, com algumas regras, e quem quiser aproveitar isso, vai ter que entrar na taxonomia”, explicou Campos Neto.

    Segundo o banqueiro central, as diferenças de governança representam o maior obstáculo na interligação dos sistemas, uma vez que os países têm controles diferentes contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo, além de variações na tributação das transações financeiras. Assim, é necessário que exista uma governança única para os sistemas funcionarem em rede.

    Para Campos Neto, o debate sobre qual será a moeda do futuro vai perder importância se todos os sistemas de pagamentos instantâneos forem interligados. Ele usou também parte da palestra para destacar a inclusão financeira promovida pelo Pix, que chegou a 240 milhões de operações em um dia, ou mais de duas transações por brasileiro bancarizado.

    “Nenhum outro país atingiu esta penetração”, comemorou Campos Neto, lembrando também que servidores do BC trabalharam até de madrugada para que a plataforma entrasse no ar em plena pandemia.

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