• Campanha mostra os principais desafios dos deficientes auditivos no Dia Nacional dos Surdos

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  • 26/09/2018 09:34

    Ir a uma consulta médica, pedir informações em lojas, setores públicos e até mesmo embarcar em um ônibus podem parecer tarefas simples para quem escuta e fala com facilidade, mas para os pelo menos 14 mil surdos e deficientes auditivos de Petrópolis, não é tão simples assim. Hoje, no Dia Nacional do Surdo, em meio ao setembro azul, mês dedicado a comunidade surda, o Instituto Emanuel fará uma ação no Calçadão do Cenip pela conscientização da luta em favor desse grupo. 

    Para a assistente social Juliana Ribeiro, o município hoje possui um número muito maior de pessoas com deficiência auditiva do que se tem dados. Apesar disso, segundo ela, ainda não há políticas públicas inclusivas para este público.

    Eduardo Rabello, de 25 anos, nasceu surdo, oraliza e também utiliza libras (Língua Brasileira de Sinais). Assim como a maioria de pessoas surdas e deficientes auditivos, enfrentou dificuldades desde a infância para entender o que outras pessoas diziam, assim como para aprender a escrever. O jovem sempre estudou em escola especial e aprendeu a desenvolver a libras ainda na infância. “Fiz amigos na Igreja Testemunha de Jeová que me ensinaram muito. Agora estou muito feliz porque aprendi a escrever e sei me comunicar com as pessoas”. 

    Hoje, Eduardo trabalha no Instituto Emanuel (IE) – uma entidade sem fins lucrativos que atende surdos, deficientes auditivos e seus familiares – ajudando como interprete de outras pessoas para que tenham acesso a seus direitos básicos, como ir ao médico, e fazer matrícula na escola. “Os surdos têm dificuldades para ir ao médico e fazer uma carteira de ônibus, por exemplo. Ajudo no que precisar, para conseguir um emprego, preencho ficha, faço tudo que posso”.

    Há pouco mais de um mês Eduardo começou a trabalhar em uma drogaria no Centro da cidade. A conquista é uma grande alegria para ele, que acompanha de perto a dificuldade de outros colegas do instituto.

    Para Juliana Ribeiro, que é presidente do Instituto Emanuel, a causa dos surdos ainda não mobiliza a sociedade e é fundamental que haja essa aproximação. Entre os trabalhos do instituto, há uma parceria com o Tribunal de Justiça que permite que penas alternativas sejam cumpridas com trabalhos na instituição. Outra possibilidade é que os condenados arquem com os custos de tens que o instituto precisa. É feito um atendimento na sede da organização, no Independência. E aos sábados, o atendimento é feito na Casa da Cidadania, no Centro. 

    “As pessoas não fazem ideia das dificuldades que essas pessoas enfrentam. Só descobrem quando têm alguém próximo na família. É a segunda língua oficial no Brasil, e ainda é um assunto muito mistificado. É preciso mudar para que tenha uma inclusão verdadeira, que saia do papel para a realidade”, destacou Juliana.

    Hoje, em comemoração ao Setembro Azul, equipe do Instituto Emanuel estará no Calçadão do Cenip das 10h às 13h. Será um momento de conversa com a população sobre a importância de valorizar a cultura surda.

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