• Caminhos equivocados

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  • 28/03/2018 13:00

    Volto a me reportar a propósito do tema educação, porquanto entendo que uma nação só poderá se tornar poderosa e respeitada se seus filhos forem educados mediante a frequência junto a bons colégios, naturalmente sob a orientação de dedicados professores, estas abnegadas criaturas que se entregam de corpo e alma em prol de seus alunos, embora desde há muito, mal remunerados, pouco considerados e nunca ouvidos ante suas justas pretensões. 

    Tenho observado, entretanto, com tristeza, que educação e saúde, que deveriam andar pari passo, vêm percorrendo exatamente direções opostas, sem dúvida ante a falta de responsabilidade total e exclusiva dos governos que se sucedem.

    Lembremo-nos, por conseguinte, com muita saudade, do sempre lembrado educador Darcy Ribeiro que, na década dos anos oitenta, idealizou a implantação dos Centros Integrados de Educação Pública, os CIEPs, empreendimento de iniciativa desse grande brasileiro que, infelizmente, não mereceu a devida atenção dos governantes, sabe-se lá por quê.

    Arrisco mesmo afirmar que se tais Centros tivessem merecido o devido cuidado por parte do Poder Público, em todo território nacional, desgraças e delitos não teriam ocorrido, eis que muitos praticados por jovens, em especial os mais carentes, aos quais não lhes foi dada oportunidade de frequentar bons colégios, tais como os CIEPs e deles retirada uma das dádivas mais importantes em suas vidas, a educação.

    Venho percebendo e não estou enganado, que a política educacional vigente no país, embora no decurso dos anos haja sofrido mudanças, por iniciativa dos poderes competentes, ainda não tenha conseguido estabelecer diretrizes mais eficazes no sentido de estimular àqueles que nunca tiveram oportunidade de se sentarem em bancos escolares, justamente junto à rede pública.

    Por isso mesmo, é bom que se recorde o mestre Darcy Ribeiro que nos legou a seguinte lição: “Se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”.

    Tal assertiva foi objeto de conferência da qual participou no longínquo ano de 1982, tendo o mestre sido acompanhado em razão de seu lúcido entendimento por uma platéia composta, dentre outros profissionais, de sociólogos e psicólogos.

    A grande constatação a que se chega, em face do que vem ocorrendo em todo o território nacional, é a percepção de menores a delinquir e sendo usados na prática dos mais graves delitos.

    Visão perfeita do mestre Darcy Ribeiro, vez que a realidade nos demonstra, com absoluta clareza, que o sistema prisional brasileiro atravessa sim, uma crise sem precedentes.

    Perdoe-me o eminente presidente Juscelino Kubitschek, já falecido, que na década de 1950 sustentou que “governar é abrir estradas”.

    Assim é que, se os governos tivessem se preocupado não somente com tal objetivo, esquecendo-se da educação, não necessitaríamos, realmente, construir presídios.

    Talvez, ainda haja tempo de os políticos e, muito em especial, do Ministério da Educação refletirem a tal respeito, porquanto o país não suporta mais tal trânse. 

    Por isso mesmo vale a lição do poeta:

    “Grandeza de uma Nação, / livre, forte, consciente, / se mede pela extensão do saber de sua gente”

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