Caminhoneiros chilenos suspender greve no sul do país após negociação com governo
Após um acordo com o governo chileno, representantes de caminhoneiros de empresas florestais confirmaram, neste sábado, 7, que vão liberar o tráfego interrompido na zona sul da principal rodovia do país. O trecho vinha sendo ocupado desde 22 de abril, depois que um motorista foi baleado na cabeça e desconhecidos queimaram 33 caminhões em um estacionamento.
“Saudamos a promoção de um projeto constitucional de curto prazo que atenda às necessidades dos trabalhadores e da comunidade”, disse Alejandro Jara, presidente da Federação de Transportes e Carregamentos Florestais (Fetracarfor), após reunião com o subsecretário do Interior, Manuel Monsalve. “Pedimos uma exceção constitucional e não foi alcançada, mas temos outras ferramentas com as quais poderemos satisfazer as necessidades dos trabalhadores com base na segurança”, acrescentou Jara.
As transportadoras exigiram que o governo decretasse estado de emergência que permitiria aos militares monitorar as estradas para evitar ataques. Este recurso foi utilizado no sul pelo ex-presidente Sebastián Piñera (2018-2022), que colocou cerca de 2.000 soldados para colaborar com a polícia. A validade da medida terminou em 26 de março, e o atual presidente do Chile, Gabriel Boric, se recusou a renová-la.
A vontade do governo de promover uma reforma constitucional foi o ponto que mais gerou interesse na negociação, disse Monsalve à imprensa após a reunião. “O projeto visa criar um novo poder que permita ao presidente fazer uso das Forças Armadas para garantir essa segurança, com diferenças que nos parecem substanciais em relação a outros estados de exceção que estão hoje na Constituição”, afirmou o oficial.
As diferenças estariam na intervenção de um comando civil à parte dos militares e na ênfase em não restringir direitos como a liberdade de reunião ou a livre circulação de cidadãos. O acordo surgiu depois que a estatal responsável pelo refino e distribuição de gasolina no sul do país anunciou a paralisação de suas atividades devido à ocupação de sua refinaria e de um porto e que só dispunha de combustível por cinco dias.
O anúncio da Companhia Nacional de Petróleo, somado às longas filas de carros na rodovia devido à greve dos caminhoneiros – que só permitiram a passagem de pequenos veículos e transporte de alimentos e animais vivos – gerou um grande medo dos motoristas que lotavam no sábado os postos de gasolina para comprar combustível.