• Câmeras registram passeio de casal de onças pardas no Parnaso. Assista o vídeo

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  • 12/09/2020 12:15

    As câmeras do Programa Monitora instaladas em diversos pontos do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) flagraram na sexta-feira (11), um passeio de um casal de onças pardas pelas trilhas. Para Cecília Cronemberger, analista ambiental do parque, o flagrante pode indicar um “encontro amoroso” dos animais.

    “O encontro de um macho e uma fêmea é provavelmente um encontro amoroso o que é um indicativo de preservação do espaço e das espécies. Essa flagrante mostra que machos e fêmeas estão se encontrando e reproduzindo, o que é fundamental”, disse a analista. “Esse registro é interessante porque são dois indivíduos. A fêmea é um animal jovem, uma filhotona que vinha sendo registrada com sua mãe e agora foi flagrada na companhia de um macho”, completou Cecília.

    O registro foi feito na área de Teresópolis, mas desde o início da quarentena quando o parque foi fechado para visitação em março, dezenas de flagrantes foram feitos em outras sedes do Parnaso, como em Petrópolis, na região do Bonfim. Segundo Cecília, em 2020, já foram registrados: onça parda, jaguatirica, gato do mato, gato maracajá, cachorro do mato, irara, furão, quati, paca, cutia, tatu, capivara, macaco prego, esquilo, gambá; além de aves como Jacu, Inhambu, Uru, Saracura e vários passarinhos menores que também utilizam o solo da floresta.

    “Além dos registros da presença dos animais, que são usados para monitorar as populações ao longo do tempo, as câmeras do projeto registram alguns flagrantes do dia-a-dia destes animais, como a busca por alimentos (temos registro de aves ciscando, um macaco prego que foi ao chão pegar um broto de bambu, cachorro do mato que caçou um quati, pássaros se alimentando de insetos que fogem de uma correição de formigas), o descanso e autolimpeza (onça que se deitou na frente da câmera e se lambe), a dispersão de sementes (cutias com sementes na boca), marcação de território (gato do mato e cachorro do mato urinando, onça arranhando o solo)”, contou a analista.

    Segundo Cecília, este ano foi possível separar com os dados coletados até o momento quatro onças pardas, sendo dois machos e das fêmeas (mãe e filhote). “Como esse animal tem a pelagem uniforme, dependemos de marcas como cicatrizes para fazer a identificação individual, mas nem todos os indivíduos apresentam marcas. Já conseguimos acompanhar um macho, que tinha muitas marcas (um corte em uma orelha, um olho opaco, várias cicatrizes) por alguns anos, e assim sabemos que ele morava em Teresópolis até 2012, quando se mudou para Petrópolis, e lá encontrou uma companheira (temos registro deste indivíduo com uma fêmea, o que sugere, mas não garante, que tenham se reproduzido)”, disse.

    O Programa Monitora (Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade) é executado pelo ICMBio, em parceria com o Laboratório de Vertebrados da UFRJ. O Parque Nacional da Serra dos Órgãos realiza este projeto há dez anos. Até agora, já foram instaladas armadilhas fotográficas em 46 locais em toda a área do parque, nos municípios de Petrópolis, Teresópolis, Magé e Guapimirim. 

    Uma parte das câmeras continua em campo e outras estão sendo instaladas. “O objetivo é chegar a 60 locais monitorados este ano, que é o protocolo adotado pelo ICMBio em diversas unidades de conservação. O foco do monitoramento são mamíferos terrestres de médio e grande porte e aves de solo de médio porte”, explicou a analista.

     

    Quando o parque fechou por causa da pandemia o planejamento inicial do projeto foi modificado incluindo as trilhas de visitação pública nos locais monitorados pelas câmeras. “O objetivo é avaliar se, e como, os animais silvestres modificam seu comportamento e seu uso do espaço quando a circulação de pessoas diminui. O Parnaso normalmente recebe entre 150 e 200 mil visitantes por ano, mas há cinco meses que não recebe nenhum visitante. Será que os animais andam mais nas trilhas quando as pessoas não estão? Só saberemos se compararmos os dados coletados agora, enquanto o parque está fechado, com outro momento, com o parque funcionando normalmente. Mas as imagens nos mostram animais bem à vontade nas trilhas, como essa onça parda que resolveu descansar em frente a uma das câmeras. Por isso, o trabalho deve continuar quando o parque for reaberto”, disse Cecília.

    A analista ressalta que a colaboração dos visitantes quando o parque for reaberto é de extrema importância para o projeto. “Contamos com a colaboração dos visitantes, para que não mexam nos equipamentos, se os encontrarem nas trilhas, e também para que enviem para o parque seus próprios registros da fauna. Estamos preparando placas informativas sobre o projeto para fazer essa comunicação com os visitantes, e estamos divulgando as imagens nas mídias sociais do parque e na imprensa”, informou Cecília.

    Ainda não há uma data para a reabertura do parque, mas segundo a Prefeitura de Petrópolis protocolos sanitários estão sendo elaborados para permitir a volta dos visitantes

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