• Caíque Nogueira, artista petropolitano, relembra o início da carreira e sua ligação com Petrópolis

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  • 05/maio 08:21
    Por Maria Julia Souza

    Com 15 anos de carreira, o ator, comunicador, diretor e roteirista petropolitano, Caíque Nogueira, ingressou nas aulas de teatro ainda na infância. Começou a ter apelo do público jovem em 2010, quando integrou projetos da Revista Capricho, batendo recordes de vendas e visualizações. Formado em Comunicação Social, hoje ele possui sua própria produtora, a CANOG Produções, onde desenvolve diversos trabalhos importantes.

    Início da carreira

    Caíque conta que o interesse em ingressar na carreira artística surgiu ainda na infância, através de filmes, teatro e música, frequentando os espaços de Petrópolis.

    “A gente se sente artista desde criança e depois vamos entendendo o que é a carreira artística. Mas eu consigo perceber muito interesse meu por filme, teatro e música desde criança, e muito frequentando os espaços de Petrópolis”.

    Foto: Noémie Lynn Käppeli

    Ele conta ainda que aos oito anos de idade começou a dizer que queria ser ator, quando ainda cursava a 2ª série do Ensino Fundamental e participou de sua primeira peça de teatro.

    “Teve uma peça de fim de ano e aí eu fiz meio que o príncipe da história, que era tipo uma sátira da Branca de Neve. Essa foi a primeira peça da minha vida, que foi quando eu tinha oito anos de idade. Eu lembro que fiz o personagem do príncipe, porque logo levantei a mão para fazer um personagem de destaque. Foi ali que eu tive a minha primeira possibilidade, e detalhe, precisou de outra pessoa para fazer o narrador da história e eu me prontifiquei a fazer os dois, porque ninguém queria”, disse ele.

    Caíque explica que após a apresentação, pediu para que seus pais o colocassem em um curso de teatro e, com isso, ingressou nas aulas lecionadas pela atriz Monah Delacy.

    “Na época era um curso muito relevante na cidade. As pessoas conheciam até de fora, porque era uma atriz de outras gerações, super renomada. Então, a partir dali, eu comecei a estudar. Nessa época eu cheguei a fazer um teste para ‘Malhação’, porque consegui mandar um DVD para a diretora [de Malhação]. Mas eu era muito novinho, tinha uns 11 anos”, explicou.

    Colírio Capricho

    Sobre o convite para se tornar um “Colírio Capricho”, da revista teen que marcou a adolescência de muitas pessoas, principalmente do público feminino, Caíque conta que no primeiro contato da produção, acabou não respondendo as mensagens, mas após insistirem, retornou os contatos.

    “Eu fiz uma viagem da Forma Turismo e ganhei um concurso. E consigo entender que foi a partir desse concurso que alguém de São Paulo me indicou para o site da Capricho e uma repórter me convidou, através do Orkut, para fazer uma matéria no site do ‘Colírios Capricho’. Eu não sabia o que era. Na primeira vez eu não respondi, achei que era Spam e na segunda vez ela insistiu, eu respondi, saiu a matéria e fez muito sucesso”, contou ele.

    Além de apresentar o programa “Colírios Capricho” na antiga MTV (Editora Abril), Caíque também produziu o “Versus – Batalha Musical” no Multishow, além de diversos roteiros, quadros, festivais e premiações ligadas às respectivas empresas.  Além disso, também possuía um programa na MTV, junto com outros colegas, que foi indicado ao Prêmio Abril de Jornalismo 2010, onde venceu na categoria “Conteúdo de Vídeo” para o site da revista, e foi indicado na categoria “Melhor Blog”.

    “E foi por isso que eu fiz uma faculdade de jornalismo depois, mesmo estudando teatro. Porque eu pensei ‘Meu Deus, eu cresci na Editora Abril, ganhei prêmio de jornalismo e como não vou ter um diploma relacionado a essa profissão, se a minha vida me construiu dentro dela também’. Eu corri muito atrás de me formar em Comunicação Social, principalmente pela minha carreira de apresentador, de comunicador que veio muito forte naquela época e, principalmente, por ter recebido esse prêmio”, disse ele.

    Ligação com Petrópolis

    Aos 15 anos, Caíque saiu de Petrópolis e foi morar no Rio de Janeiro. No entanto, ele conta que sua família continua vivendo na Cidade Imperial e que vem com frequência visitá-los. Ele explica ainda que só soube de sua ascensão com a internet ao sair nas ruas.

    “Era o começo da internet. A gente não entendia o que era ficar famoso através dela [internet], então quando eu ia ao Rio de Janeiro ou saia nas ruas de Petrópolis, eu entendia a dimensão disso. Até então era uma coisa que ficava dentro do meu quarto. Então Petrópolis foi onde o meu despertar aconteceu também, como artista e como ser humano. E onde eu sofri muito também, porque era uma geração muito difícil”, disse ele.

    Foto: Noémie Lynn Käppeli

    Caíque relembra que sofreu muito bullying na cidade e tem a lembrança de sua terra natal como um despertar seu, tanto como pessoa, quanto como artista.

    “A gente estava começando a falar sobre bullying. Eu sofri muito [bullying] na cidade. Então Petrópolis tem uma lembrança também de um despertar muito forte como pessoa, como artista. Mas é um lugar que me acuou muito. Eu sempre fui um garoto diferente na cidade e na época não reconhecia a minha sexualidade, que reconheço hoje”, explicou.

    Trabalhos marcantes

    Dentre os trabalhos que mais marcaram a sua carreira, os realizados com a TV Capricho são os que mais se destacam, por serem os mais conhecidos pelo público. No entanto, ele também destaca outros projetoss em que pôde mostrar seu outro lado artístico, dentre eles, o que atuou como Showrunner (diretor geral).

    “É muito difícil, depois que você pega um trabalho muito marcante para o público, manter a sua carreira, conseguir se ressignificar e mostrar as suas outras vertentes. Eu acho que esse é o maior desafio de todos, é quando você é conhecido através de um trabalho muito marcante para o público, você sair dessa imagem. Então para mim, o “Samba Coração”, que foi um trabalho que eu fiz agora como Showrunner, como diretor geral, foi o que mais me marcou, porque eu consegui usar todo o meu artista para construir um projeto que saiu do meu caderno”, disse ele.

    Além desses trabalhos, ele também destaca sua atuação como roteirista no programa “Versus – Batalha Musical”, do Multishow, e sua participação no filme “A Última Festa”, da Globo, que foi gravado em Portugal. Outro projeto importante para o artista foi sua participação no programa Lady Night, com a Tatá Werneck.

    CANOG Produções

    Amante do universo audiovisual, Caíque criou a CANOG – Construindo A NOva Geração, produtora de criação de conteúdo, que teve o nome inspirado em Carvalho Nogueira, dois tipos de árvores importantes, e que também fazem parte do seu sobrenome. Ele explica que a motivação para criar sua própria empresa ocorreu quando ainda trabalhava no Multishow, quando era responsável pelo TVZ.

    “No programa eu virei não só produtor, mas roteirista também. Nele eu me vi quase como um Showrunner também, porque eu abracei tudo ali. E aí eu precisei formalizar a minha situação, porque eu desempenhava umas sete funções e era contratado para uma, mas não poderia fazer isso. Aí a minha chefe me sugeriu abrir uma empresa e eles iriam terceirizar meu trabalho, atendendo como pessoa jurídica e eu conseguiria atender em várias funções, recebendo por isso”, explicou.

    Foto: Noémie Lynn Käppeli

    A partir daí, além de realizar trabalhos para a Globosat, com criação e produção de conteúdo, ele também passou a fazer suas próprias publicidades, de seus amigos e a produzir documentários.

    “Eu acho que me construí nesse momento. Talvez o público olhe e fale ‘Meu Deus, cadê esse menino? A carreira dele? Ah, ele sumiu’. Isso dói às vezes para um artista. Mas estou tendo um trabalho no backstage tão firme e forte, que está me dando muita segurança. Porque eu acho que sofri tanto ataque, me mandaram tanto estudar, que eu fui fazer uns dez cursos fora com o meu dinheiro. Eu sou filho de professora, não sou herdeiro. Então às vezes as pessoas acham que foi fácil, mas fui eu que paguei as minhas viagens e meus cursos com meu trabalho, que pode ter sido privilegiado para a época, devido ao meu padrão, mas eu trabalhei muito para conseguir o que eu tenho”, disse ele.

    Planos para o futuro

    Ele finaliza contando que tem planos de expandir sua produtora, e está começando a desenvolver projetos de dramaturgia, além de outros programas de entretenimento. Além disso, ele diz que tem o sonho de que sua empresa também vire um Instituto de Arte.

    “O meu maior sonho, talvez em Petrópolis ou no Rio, é que a CANOG vire um Instituto de Arte. Que a gente tenha cursos de dança, teatro e música. Que lance novos talentos, com um teatro dentro e uma orquestra, com as meninas cantoras. E com todo um sistema de bolsa. Então eu quero muito que a CANOG Produções vire o Instituto de Arte CANOG”, finalizou.

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