• Cai em 26% número de matrículas em escolas e creches de Petrópolis

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  • 29/10/2017 08:00

    O número de alunos matriculados em escolas ou creches de Petrópolis caiu em mais de 25% nos últimos doze anos. A explicação para essa redução, que afetou tanto a rede pública quanto a privada, pode ter ligação direta com a queda nos índices de natalidade do município, que retroagiram em quase 10% de lá pra cá. Os dados, que são fruto de um comparativo entre os últimos levantamentos feitos pelo IBGE, justificam a extinção de mais de seis escolas privadas no município nesse período. 

    Apesar da chegada de escolas como o Elite e o Pensi, a cidade viu instituições das mais tradicionais e conhecidas fechar as portas na última década. Depois dos colégios Werneck, Opção, CES (antigo Rio Branco), Biblos, EPA e São José, agora foi a vez do CEMB (Centro Educacional Maurício Barroso) anunciar o encerramento das atividades. A unidade, que funcionava desde 1998 não resistiu aos fatores da crise e acabou fechando as portas. Ao todo, cerca de 100 alunos precisaram buscar matrícula em outras instituições. Segundo a própria escola, os gastos atuais são maiores do que o valor arrecadado. 

    Para a pedagoga Eliane Rastolf, essa é uma “triste tendência” do mundo moderno. “Não sou especialista em economia, mas todos nós, profissionais da área, temos ciência de tudo que envolve a Educação. Atualmente nós temos visto muitas escolas fechando, e ao mesmo tempo a evasão escolar não é tão grande. A única explicação, além da crise, é realmente uma redução do número de alunos. O problema é que essa queda não acompanha a alta de preços dos produtos, serviços, aluguéis, e outros custos que a unidade tem. Então o que acontece: a escola fica com menos alunos e mais gastos. Daí sobe a mensalidade, e acaba perdendo espaço para as grandes redes, até que não resiste e fecha. Tem sido assim, vai ser assim. Infelizmente. Lamentavelmente”, detalhou a profissional. 

    A explicação da pedagoga tem relação com a justificativa da direção do CEMB, em entrevista dada à Tribuna. De acordo com a unidade, os gastos atualmente são maiores que o valor arrecadado. “Tentamos de todas as formas evitar chegar a esse ponto. Foram ajudas, parcerias, tudo isso para tentar não fechar. Mas está inviável continuar. É muita despesa e muito pouca receita”, explicou Hélio Francisco, diretor da unidade, que atualmente tem 60% de taxa de inadimplência. 

    Todas as medidas legais foram tomadas pela escola, segundo o diretor, com orientação e muita cautela. Os alunos estão sendo matriculados em outras instituições para não ficarem reprovados. 

    E não foi só a rede privada que o número de alunos caiu. A taxa de matrícula nas escolas estaduais registrou uma redução significativa nos últimos dez anos: 11,2%. São 900 matrículas a menos, e a tendência é continuar reduzindo, contou o formando em geografia pela Universidade Federal de Juiz de Fora (MG) – Carlos Davi Zainotte. “Nós temos uma tendência, por questões econômicas e culturais, de queda na taxa de natalidade. As pessoas não querem ter mais um monte de filhos como antigamente. Hoje o cidadão tem até no máximo três filhos, em média. Não é regra, mas é maioria. São dados observados não só em Petrópolis, Juiz de Fora, ou nos estados do Rio e Minas. São tendências gerais, nacionais. E até mundiais, nos países mais desenvolvidos. Apesar do retrocesso econômico, o país está se modernizando e se intelectualizando. As pessoas estão estudando e se preocupando mais com o futuro”, explicou Davi. 

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