BV tem lucro líquido recorrente recorde de R$ 1,7 bi em 2024, alta de 49% em um ano
O banco BV fechou o ano de 2024 com lucro líquido de R$ 1,722 bilhão, alta de 49,2% em relação a 2023, e o maior patamar da história do banco. No quarto trimestre do ano passado, o resultado foi de R$ 542 milhões, alta de 79,2% em relação ao mesmo período do ano anterior e também o maior patamar para um trimestre.
O resultado veio do aumento das receitas do banco, que cresceram 16,3% entre o quarto trimestre de 2023 e o mesmo intervalo do ano passado, para R$ 3,214 bilhões. Ao mesmo tempo, o custo de crédito caiu 20,7%, para R$ 776 milhões, enquanto a inadimplência teve recuo de 0,9 ponto porcentual, chegando a 4,4% pelo critério de atrasos acima de 90 dias.
“Vínhamos falando há alguns anos que entramos em um ciclo de investimento estratégico que mirava diversificar as fontes de receita, consolidar a liderança tanto no financiamento de veículos quanto na carteira de grandes empresas, e os investimentos voltados à construção do banco relacional”, disse ao Broadcast o presidente do BV, Gabriel Ferreira.
A diversificação deu frutos, de acordo com ele, tanto no crédito quanto nas receitas com serviços. A carteira do BV cresceu 3% em um ano, para R$ 90,504 bilhões, puxada pelos números de grandes empresas, do financiamento de veículos pesados, novos e de motocicletas e da carteira de crédito privado.
Nas receitas com serviços, a alta foi de 7% entre o quarto trimestre de 2023 e o mesmo período do ano passado, para R$ 695 milhões. No ano de 2024, a arrecadação chegou a R$ 2,679 bilhões, crescimento de 21,6%. “Esse crescimento tem por trás, de novo, mais um recorde na corretora de seguros, e também na assessoria à emissão de crédito privado”, disse Ferreira.
O BV chegou a 6,7 milhões de clientes no que chama de “banco relacional”, ou seja, um banco para uso no dia a dia. Líder no financiamento de automóveis usados no País há 12 anos, o BV tem buscado ampliar o relacionamento com os clientes que chegam à instituição através do produto.
Mais do que ampliar as receitas, a diversificação deve ajudar o banco em um ano que se desenha mais difícil. “Há uma mudança estrutural e sustentável do patamar de rentabilidade do banco, que passa a estar preparado para, a despeito do ciclo de crédito mais favorável ou menos, sustentar esse novo patamar”, afirmou o presidente do BV.
No ano passado, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do banco foi de 16% no quarto trimestre do ano passado, alta de 6,6 pontos porcentuais em 12 meses.
Capital
O BV prevê um impacto baixo sobre o capital da resolução 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que muda de perda incorrida para perda esperada a metodologia de constituição de provisões contra a inadimplência. “Fechamos o ano com capital principal de 12,8%. Já com o faseamento da 4.966 e o risco operacional de Basileia, devemos fechar o primeiro trimestre com capital acima de 12%”, disse o diretor Financeiro e de Relações com Investidores do banco, Ronaldo Helpe.
O BV tem como alvo manter esse índice em pelo menos 11,5%. O excesso de capital ajuda a pautar a distribuição de dividendos – o BV tem como acionistas o Banco do Brasil e o Grupo Votorantim, cada um com metade do capital.
Ao todo, o banco encerrou 2024 com R$ 141,731 bilhões em ativos, queda de 0,6% em um ano, e patrimônio líquido de R$ 14,470 bilhões, alta de 3,5% no mesmo período.
Para ampliar a capacidade de alavancar o balanço, o BV fez no final do ano passado uma securitização de parte da carteira de financiamento automotivo para um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC). Com um volume de R$ 3,5 bilhões, foi a maior oferta pública de FIDC do País nos últimos anos.
Helpe disse que esse instrumento traz algum alívio aos índices de capital em um momento de mudanças regulatórias, e é possível graças ao crescimento do mercado de crédito privado. “É uma iniciativa que não vemos como uma operação isolada. Ela deve ter um tamanho próximo ao volume que fizemos, mas é uma estratégia recorrente do BV”, afirmou.