• Buscas continuam no Morro da Oficina, onde a contagem oficial de mortos pode estar muito abaixo da dimensão da tragédia

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  • 16/02/2022 12:27
    Por Vinícius Ferreira

    Das áreas atingidas pelo forte temporal desta terça-feira (15) em Petrópolis, a que se encontra em situação mais grave é a do Morro da Oficina, no bairro Alto da Serra, um dos acessos à cidade de Petrópolis. Na estimativa oficial da Defesa Civil, a área devastada pelo deslizamento conta com cerca de 80 casas. Até agora, em números oficiais, são 44 mortos por toda a cidade. Alguns deles, retirados da lama e dos escombros do Morro da Oficina, onde militares do Corpo de Bombeiros e moradores desesperados tentam encontrar sobreviventes da tragédia.

    O trabalho começou ainda na noite de ontem, sem visibilidade e em um terreno ainda instável, com risco de deslizamento a qualquer momento. Durante a manhã, quando os militares do Corpo de Bombeiros estavam resgatando o quinto corpo encontrado no que foi a rua Frei Leão, estalos indicaram o risco de um novo deslizamento e interromperam o trabalho, que foi retomado mais tarde. Do alto do morro, maciços de pedras enormes se deslocaram. O maior deles, do tamanho de um carro, foi parar no muro dos fundos do BNH do Alto da Serra.

    Algumas casas, ainda seguiram com parte da estrutura visível, porém submersas na água e na lama. A maior parte dos imóveis que estavam no rastro do deslizamento desapareceram. O que ainda é possível identificar nas estruturas das casas está sob toneladas de destroços. Em um dos pontos, onde é possível chegar até a área atingida, havia um bar e longo em frente a uma estamparia. Nos dois, na hora do temporal, havia pessoas trabalhando na estamparia e se abrigando da chuva no bar. Ainda não é possível remover os escombros e tentar localizar as vítimas.

    A reportagem da Tribuna de Petrópolis esteve no local na manhã de hoje, acompanhando as buscas e o desespero das famílias que procuravam notícias dos entes desaparecidos. Para cada pessoa ouvida por nossa equipe procurava de dois a três amigos ou familiares desaparecidos. Nem todos moradores do Morro da Oficina, mas de gente que trabalhava em locais como a estamparia soterrada ou visitavam familiares e amigos no momento da tragédia.

    Durante as primeiras horas da manhã, uma cena que impressionou bastante foi a de uma mãe que gritava desesperadamente o nome da filha, de 17 anos. Duda, como chamava, tinha vindo da cidade de Juiz de Fora. Além dela, a mulher ainda procurava pelo paradeiro de uma sobrinha e da filha, um bebê de 1 ano. Muitas pessoas seguem desaparecidas no local, onde o trabalho de buscas por sobreviventes é delicado. Ainda pela manhã, militares do Corpo de Bombeiros chegaram a localizar um idoso, que foi resgatado com vida, mas não resistiu ao ferimento e morreu.

    Em alguns imóveis, que ficam no entorno da área mais atingida, os moradores foram orientados a saírem e buscarem abrigos nas casas de familiares ou nos 16 pontos disponibilizados em escolas da rede municipal, oferecidos pela Prefeitura. Em alguns casos, militares do Corpo de Bombeiros estavam permitindo a entrada nos imóveis apenas para que as pessoas recolhessem alguns pertences pessoais, especialmente documentos.

    A Prefeitura decretou estado de calamidade pública e informou que as equipes dos hospitais foram reforçadas para o atendimento às vítimas. Quem tiver parentes desaparecidos deve procurar a delegacia. A Defesa Civil informou que ainda há previsão de chuva moderada a qualquer momento no município nesta quarta-feira (16) . Em caso de emergência, o telefone 199 está disponível.

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