• Brasileiros buscam alternativas para driblar o desemprego na crise

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  • 10/12/2020 15:11

    A pandemia do coronavírus trouxe preocupações das mais variadas. Além do risco de contaminação e todos os fatores sociais e psicológicos interligados ao distanciamento social, a Covid-19 aflorou o medo do desemprego. Não são poucas as empresas que fecharam as portas ou dispensaram funcionários. Muitos trabalhadores precisaram se reinventar e buscar alternativas para superar o atual cenário. Entre as soluções para driblar a crise econômica estão marketplace, transporte por app e gastronomia, por exemplo.

    Alguns números podem ajudar a ilustrar a busca do brasileiro por uma ocupação durante esta fase. No último dia de novembro, o Portal do Empreendedor do Governo Federal registrou 11.255.656 pessoas inscritas como microempreendedor individual (MEI). O número é 1.337.573 maior que o verificado no dia 31 de março, quando a pandemia começava a sinalizar que mudaria a vida dos brasileiros por um bom tempo. Do total, nem todos decidiram enfrentar esse desafio por vocação, mas por necessidade.

    Mas qual é o perfil desse novo empreendedor? De acordo com levantamento do Sebrae-SP, estado com maior número de MEIs no País (cerca de 3 milhões), as principais ocupações buscadas são: cabeleireiros, manicure e pedicure (235.000 cadastrados); comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios (198 277); obras de alvenaria (128.496); promoção de vendas (109.729) e, completando o top 5, fornecimento de alimentos preparados para consumo domiciliar (92.416).

    “Iniciar um negócio é sempre um momento bastante delicado, pois envolve diversos aspectos que, se não planejados e ordenados, podem prejudicar ou até mesmo inviabilizar imediatamente a empresa. Esse risco tomou proporções ainda maiores durante o ano de 2020, motivado, principalmente, pela pandemia de Covid-19”, destaca Adriano Augusto Campos, consultor de negócios do Sebrae-SP. De acordo com o especialista, não existem regras ou ações que garantam o sucesso em todos os segmentos. “No entanto, há algumas boas práticas que seguramente podem ajudar o empreendedor neste momento”.

    Para Campos, o ideal é focar em uma oportunidade identificada de negócio e não apenas na necessidade de gerar renda imediata. Neste ponto, a informação surge como um aliado importante. “Sabemos que nem sempre é possível. Entretanto, percebe-se que observar e estudar o mercado até encontrar oportunidades interessantes costuma levar os empreendedores a reunir informações qualificadas e interpretar com mais racionalidade”.

    O novo empreendedor precisa ainda testar e validar se a proposta é realmente atrativa e se tem capacidade para trazer a remuneração desejada. “Essa é uma maneira de experimentar e entender quais são os aspectos positivos e negativos antes mesmo de montar toda a estrutura do negócio. A questão aqui não é encontrar a ideia perfeita, mas contar com percepção de parte do mercado consumidor antes de investir tempo e dinheiro em algo que pode não vingar”.

    Transporte por app e Marketplace

    É preciso estar atento às boas oportunidades, seja para conseguir pagar as contas no momento ou, quem sabe, encontrar uma nova e promissora vocação. A produção de doces caseiros, por exemplo, pode futuramente se transformar em uma loja especializada. Outro caminho encontrado por muitos é se associar a empresas fortes no seu ramo de atuação, que contam com um grande aparato tecnológico para facilitar todo o processo.

    Solução em expansão, o transporte por aplicativo segue como uma opção. Com o suporte das empresas que gerenciam os apps, o motorista consegue rapidamente trabalhar por conta própria. Para isso, passa inicialmente por um processo rigoroso de avaliação para ter direito ao credenciamento. Costureira, Leuciene Maria de Mendonça Marques, de 32 anos, foi demitida logo no início da pandemia. Para manter as contas em dia e conseguir sustentar os 3 filhos, ela resolveu tirar o carro da garagem e circular pelas ruas de Goiânia. “Gostei bastante do serviço. Meu cunhado também trabalha como motorista de aplicativo”.

    Mas o isolamento social não afastou as pessoas da rua? Muitos não conseguem permanecer em casa por longos períodos e, por isso, precisam sair para trabalhar ou fazer compras. Para evitar as aglomerações no transporte público, os aplicativos se transformaram em uma alternativa segura para a locomoção, até por conta dos protocolos de segurança rigorosos adotados para proteger motoristas e passageiros. Pesquisa da 99, por exemplo, demonstra que o medo de contágio pelo coronavírus se transformou em fator determinante na escolha dos meios de transporte. Essa situação refletiu até mesmo no comportamento na periferia, onde o uso do aplicativo da empresa aumentou em 25% entre os mais pobres nesta fase.

    Durante a pandemia, a 99 afirma ter investido R$ 32 milhões nas iniciativas de prevenção à Covid-19. Entre as ações, uma parceria com a Consultoria do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo permitiu desenvolver um protocolo rigoroso de proteção. Para garantir mais conveniência aos usuários e ampliar os ganhos dos motoristas parceiros no período de isolamento social, a empresa instituiu também o 99Poupa, opção para viagens com preços mais acessíveis em horários e locais de menor demanda.

    Outra oportunidade de renda encontrada durante essa fase é a parceria com grandes varejistas, que colocam à disposição plataformas digitais para a comercialização de produtos pela internet. A alternativa é válida tanto para pequenos lojistas que ficaram um bom tempo com as portas fechadas quanto para pessoas físicas que atuam como vendedores online, ganhando comissões.

    O projeto Parceria Magalu, desenvolvido pelo Magazine Luiza, atua nesse sentido, por exemplo. “Nossa plataforma permite que os brasileiros possam continuar a trabalhar, sem sair de casa. Digitalizar o varejo e os brasileiros faz parte da nossa estratégia de negócio”, pondera Frederico Trajano, CEO do Magalu. De acordo com a empresa, a iniciativa inclui duas plataformas digitais. Uma desenvolvida para novos cadastros de pessoas jurídicas, e a outra para pessoas físicas. Durante a pandemia, já foram cadastrados na plataforma 300 mil CPFs.

    Recolocação profissional

    Alguns encontram nessas oportunidades uma profissão nova e, até mesmo, com bons rendimentos. Já outros, sonham com uma recolocação no mercado formal, com carteira assinada. Para esses, também há motivos para acreditar em dias melhores. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 394.989 vagas de emprego foram abertas em outubro. “Por mais que ainda tenhamos bons meses pela frente até grande parte da população estar vacinada contra a Covid-19, o mercado de trabalho voltou a aquecer especialmente a partir do terceiro trimestre em segmentos como tecnologia da informação, áreas comerciais, contábeis, administrativas, marketing e de recursos humanos”, aponta Luana Lie Matsumura, profissional de recursos humanos, recrutamento e seleção.

    Por isso, é bom estar pronto para quando uma nova oportunidade surgir. Segundo Luana, as empresas esperam que os profissionais aproveitem esse período de recesso e retração nas contratações para se qualificarem através de cursos de reciclagem. O aperfeiçoamento do inglês também faz parte desta lista. “A praticidade do mundo online, reforçado com os novos tempos de home office e o avanço da inteligência artificial, fez com que os recrutadores automatizassem ainda mais o que chamamos de primeira triagem dos candidatos. Por isso, é essencial estar bem preparado para ser aprovado”.

    Para chamar a atenção dos recrutadores durante a triagem, Luana indica acrescentar no currículo palavras-chave relacionadas à área de atuação do candidato. “Procure primeiro juntar todas em uma lista e depois encaixá-las da maneira que faça mais sentido em seu currículo. Outra dica importante é focar na descrição dos resultados tangíveis que trouxe em cada empresa que atuou, e não simplesmente listar diversas atividades”.

     

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