• Brasil sobe um degrau e fica em 5º no ranking GWEC de capacidade eólica onshore instalada

  • 23/abr 16:19
    Por Denise Luna / Estadão

    O Brasil ultrapassou a Espanha e subiu uma posição no ranking de capacidade total instalada de energia eólica onshore (em terra) do Global Wind Report 2025 (GWEC), divulgado nesta quarta-feira, 23, chegando ao quinto lugar, informou a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).

    O País registrou a instalação de 3,27 gigawatts (GW) no ano passado, atingindo 33,7 GW, ficando atrás da China (478,8 GW), Estados Unidos (154,1 GW), Alemanha (63,7 GW) e Índia (48,2 GW). Globalmente, a indústria eólica alcançou um novo recorde com a instalação de 117 GW onshore e offshore (no mar), somando 1.136 GW no mundo.

    O relatório mostra que a indústria eólica brasileira viveu um período recorde de novas instalações de parques eólicos onshore, entre 2021 e 2023, puxado principalmente pelo mercado livre, por meio de contratos de compra e venda de energia (PPAs) privados. Segundo a publicação, “já era esperado que novas instalações desacelerassem em 2024, devido aos cortes de geração de energia renováveis, cancelamento de leilões e outros entraves regulatórios”, observa o GWEC.

    O documento destaca ainda a aprovação do marco legal da energia eólica offshore em janeiro deste ano, ressaltando que o Brasil tem um potencial estimado em 1.2 GW e expectativa de um leilão de áreas ainda este ano, “impulsionando novas indústrias, como a produção de hidrogênio verde e a instalação de data centers”, avalia.

    Segundo o GWEC, medidas do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC) também ajudaram a reduzir juros e facilitar o acesso a crédito para projetos de energia limpa. Apesar de desafios econômicos, informa o relatório, a fabricante chinesa Goldwind abriu sua primeira fábrica fora da China no Brasil; a Vestas investiu R$ 130 milhões em uma nova planta no Ceará para fabricar turbinas V163-4.5MW; e empresas como HINE do Brasil expandiram sua infraestrutura para atender à crescente demanda por componentes eólicos.

    “O relatório trouxe vitórias importantes em 2024 como a regulamentação das Eólicas Offshore, o marco regulatório de hidrogênio e do Mercado de Carbono. Apesar da crise na indústria eólica que o Brasil enfrenta, conseguimos ainda crescer no ranking e ocupar a 5ª posição global. Porém, como se trata de uma indústria de infraestrutura, o próximo relatório deve refletir os impactos no setor de forma mais acentuada e veremos também uma retomada, nos próximos anos, se o País fizer o dever de casa”, explica a presidente executiva da ABEEólica e vice-presidente do Conselho do GWEC, Elbia Gannoum.

    Offshore

    A previsão do GWEC para 2025-2030 é de que a energia eólica offshore aumente de 16 GW em 2025 para 34 GW em 2030, passando de 11,8% da nova capacidade para 17,5% da nova capacidade até o final da década.

    A chave para isso, destaca o documento, é a energia eólica offshore, que teve um ano recorde para os leilões em 2024. Um total de 56,3 GW de capacidade eólica offshore foi concedido em todo o mundo no ano passado. A Europa liderou o caminho, com 23,2 GW e 17,4 GW na China. Uma nova onda de mercados também teve anos marcantes, com a Coreia do Sul viabilizando 3,3 GW, Taiwan (China) 2,7 GW e o Japão 1,4 GW.

    De acordo com o CEO do GWEC, Ben Backwell, embora a energia eólica continue a impulsionar investimentos e empregos, assim como melhorar a segurança energética e a baixar os custos para o consumidor, o ambiente político está mais volátil e as energias renováveis estão sob ataque em algumas partes do mundo, o que leva à paralisação de projetos em construção, ameaçando a certeza do investimento.

    “A agressiva instigação de guerras tarifárias aumenta ainda mais a incerteza nas decisões de investimento internacional e ameaça perturbar as cadeias de abastecimento internacionais das quais a indústria eólica depende. Os custos totais para a nossa indústria da vasta gama de tarifas declaradas e ameaçadas que temos visto, tanto gerais como sobre commodities específicas como o aço, ainda não foram totalmente calculados” , alertou Backwel.

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