Brasil é um caso de destaque em inflação de emergentes, diz presidente do BC
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu nesta quinta-feira que a inflação está subindo em todo o mundo, mas reconheceu que o Brasil é um destaque. Ele enfatizou que a percepção das pessoas, inclusive, é de alta de preços maior do que os indicadores mostram.
“O Brasil é um caso de destaque em inflação de emergentes. Há uma onda de aumento de juros por diversos países. Agora, todos estão olhando o que os Estados Unidos irão fazer. A precificação de alta de juros nos EUA está aumentando, com Fed mais agressivo. Mas estamos vendo os mercados se acomodarem bem a esse cenário”, afirmou o presidente do BC, em participação na Conferência Anual Latino-Americana do Santander.
Campos Neto voltou a argumentar que o Brasil foi o país que mais subiu os juros em 2021, com a Selic passando de 2,00% ao ano para 9,25% em dezembro. “A curva de juros longo prazo continua com muito prêmio, e muito disso tem a ver com o risco fiscal”, enfatizou.
Inflação de 12 meses
Após prever que o pico da inflação em 12 meses no Brasil seria em setembro, depois em outubro, depois em novembro, o presidente do Banco Central argumentou que “a inflação em 12 meses no Brasil está perto do pico”. “Expectativas de inflação tem subido um pouco com preços de petróleo e clima. Nos últimos dias, houve aumento de preços de petróleo e problemas climáticos. Mas estamos focados na parte estrutural da inflação”, afirmou.
Mais uma vez, Campos neto justificou parte do estouro da meta em 2021 pela inflação importada, sobretudo pelo custo de commodities e combustíveis no mercado internacional. “Se a inflação de energia no Brasil fosse igual à média de outros países, o IPCA seria menor que o CPI/EUA em 2021”, alegou.
Campos Neto lembrou ainda que o ajuste fiscal que o Brasil fez entre 2020 e 2021 foi muito maior que esperado pelos mercados. “Mas a dinâmica da dívida está criando muito ruído. Brasil fez grande redução fiscal, com leve superávit em 2021”, acrescentou.
Inércia
O presidente do Banco Central disse também que a inércia inflacionária é maior quando a inflação é mais alta, considerando o mesmo coeficiente de inércia. “A questão é se esse coeficiente aumentou devido à persistência da inflação. Quando rodamos nossos modelos, não achamos isso. Mas reconhecemos que, mesmo com o mesmo coeficiente, a inflação maior em 2021 traz mais contaminação para 2022”, afirmou.
Monitorados
Campos Neto disse ainda que a autoridade monetária tem prestado atenção especial nos preços administrados, que devem continuar crescendo em 2022. “O aumento de tarifas monitoradas tem sido menor do que esperava, mas, se tivermos uma reversão nessa tendência, com um número mais alto do que esperamos, isso pode ser um problema. Olhamos isso Estado por Estado. A perspectiva é de que os preços administrados estão sob controle, mas ainda há um grande grau de incerteza”, afirmou.