• Bragança, o poeta

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  • 12/05/2023 14:54
    Por Afonso Vaz

    Osmar de Guedes Vaz, eterno inspirador, que comigo mantinha diálogos sistematicamente – na verdade nunca olvidados – bom conselheiro no tocante aos mais diversos assuntos, em especial enfocando suas produções literárias, acabou por vislumbrar o meu interesse por citados temas.

    Por outro lado, fazia questão de se manifestar asseverando que “…Petrópolis se tratava de um celeiro de grandes poetas, escritores, jornalistas, além de formidáveis trovadores”.

    Relatava-me a propósito de nomes como os de Manoel Bragança Santos, Hebe Machado Brasil, Décio Duarte Ennes, Carolina Azevedo de Castro, Farid Felix, Hélio David Casqueiro Chaves, Mário Fonseca, Roberto Francisco e Jesy Barbosa.

    Permito-me inserir nesse grupo de escol e tenho certeza que também foram muito apreciados pelo poeta, Alcindo Roberto Gomes, José De Cusatis,  Mauro Carrano e Castro, Jorge Ferreira Machado e tantos outros.

    Por isso mesmo, não se cansava de ler e reler, quando o tempo assim o permitia, trabalhos literários de lavra dessas figuras que faziam integrar, com notável brilho, a vida cultural de nossa terra.

    Busco, assim, como já concretizado noutros momentos, destacar a grandeza dos nomes de cada um desses magníficos intelectuais, que só fizeram propagar com excelência, a cultura nesta terra de Pedro, aos quais devemos, por questão de justiça, prestar reverência para sempre.

    Todavia, um dos protagonistas já referidos era constantemente recordado pelo poeta Guedes Vaz!

    Tratava-se do eminente poeta Manoel Bragança Santos, nascido na cidade de Araruama, Estado do Rio de Janeiro a 13 de janeiro de 1898, tendo se mudado para Petrópolis em junho de 1935, aqui tendo fixado residência e bem assim sua atividade profissional, escrivão de 1ª categoria federal até 1952.

    Bragança Santos integrou a Academia Petropolitana de Letras tendo ocupado a cadeira de nº 3, assumindo a vaga deixada por Jamil Muanis.

    Na Academia Petropolitana de Poesia Raul de Leoni, atual Academia Brasileira de Poesia Casa Raul de Leoni, foi membro correspondente.

    Publicou várias obras valendo deixar enfatizado que “Poesia Hoje” recebeu, em 1985, o Prêmio Carauta de Souza da APL.

    Faleceu no Rio de Janeiro a 16 de fevereiro de 1995.

    Dentre suas inúmeras produções faço transcrever o belo soneto “Dúvida”, conforme publicação constante da obra “Poetas Petropolitanos – Uma Saudade”, de autoria do professor e Acadêmico Paulo César dos Santos.  

    Dúvida

    “A flor que tu me deste, à despedida,

     tirando-a dentre os seios, esmagada, 

    no momento penoso da partida, 

    conservo-a com carinho bem guardada.

    O tempo fê-la toda murchecida, 

    mas inda suavemente perfumada.

    de uma essência sutil, desconhecida,

    dentro da flor, já seca, concentrada.

    Aspiro-a lentamente… e Inebriado,

    sinto-me docemente mergulhado

    em inefável êxtase de amor…

    E me pergunto, nesse doce enleio

    se o perfume que sinto vem da flor

    ou é o aroma do teu casto seio…”

    Nossa terra, na realidade – de há muito – se tornou uma fonte de proeminentes escritores, que abraçaram a cultura para gáudio da cidade, sendo que muitos ainda continuam a percorrer a mesma trilha proporcionando-nos belíssimas produções, fazendo resplandecer, cada vez mais o nome de Petrópolis, não só intitulada como Cidade Imperial, mas, também, a dos bons escritores e demais cultores das artes nas mais diferentes matizes.

    Bragança Santos, certamente, há de estar contente! 

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