• Braga Netto recebe Sóstenes Cavalcante na prisão e o parabeniza por articulação pela anistia

  • 15/abr 20:54
    Por Gabriel de Sousa / Estadão

    O ex-ministro da Defesa general Walter Braga Netto, preso desde o dia 14 de dezembro por suposta obstrução de justiça no inquérito da tentativa de golpe de Estado, recebeu a visita do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ). No encontro, Braga Netto comemorou a apresentação do requerimento de urgência do projeto de anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro.

    Ao Estadão, Sóstenes disse que Braga Netto, que está preso em um quartel onde possui acesso à televisão com canais abertos, o parabenizou pelo trabalho na articulação do projeto.

    A visita dele, que foi a primeira pessoa fora da família a visitar Braga Netto, durou cerca de 40 minutos. O ex-ministro está detido há 122 dias na 1ª Divisão de Exército, na Vila Militar, no Rio.

    Como mostrou a Coluna do Estadão, Braga Netto também relatou ao líder do PL que é alvo de uma injustiça. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes mandou prender ele após a Polícia Federal apontar uma ligação telefônica e trocas de mensagens do ex-ministro com o pai do ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid, general Mauro Lourena Cid, como tentativa de interferir na investigação sobre golpe de Estado. O ex-ministro da Defesa alega que era Lourena Cid quem o procurava.

    “O pai do Mauro Cid que ligou para ele. Por isso, ele acha que a prisão não se sustenta. […] Ele também disse que nunca ouviu a palavra golpe nas reuniões das quais participou e que estava assombrado com a história dos kids pretos”, declarou Sóstenes à Coluna do Estadão.

    Na visita, Sóstenes rezou o Pai-Nosso com Braga Netto. O líder do PL também o presenteou com o livro “Uma Vida Com Propósitos – Por Que Estou na Terra?”, do pastor evangélico americano Rick Warren. A obra, de 352 páginas, busca trazer reflexões ao leitor sobre os significados da vida.

    O líder do PL também disse ao Estadão que Braga Netto perdeu entre um a dois quilos se exercitando. Sóstenes afirmou que o general “não tem privilégios” na prisão, estando recluso a um espaço com quarto e banheiro e se alimentando com a comida do quartel militar.

    Na última quinta, 10, Moraes autorizou a realização das visitas a Braga Netto. Segundo o magistrado, os políticos vão precisar se revezar em grupos de até três pessoas para visitarem o ex-ministro da Justiça entre às 14h e às 16h. De acordo com Sóstenes, na próxima quinta-feira, 17, deverão ir ao quartel os senadores Damares Alves (Republicanos-DF) e Hamilton Mourão (Republicanos-RS).

    Braga Netto, que foi candidato a vice na chapa presidencial do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022, é um dos oito réus denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de integrarem o primeiro núcleo da tentativa de golpe de Estado. A denúncia foi aceita no STF no dia 26 de março.

    Segundo a denúncia, Braga Netto organizou na casa dele uma reunião com o núcleo de militares com formação em forças especiais do Exército, os chamados “kids pretos”. No encontro, apresentaram o planejamento das ações para consumar o golpe. Ele também teria promovido represálias contra militares da alta cúpula das Forças Armadas que não se associaram a trama golpista.

    Ao lado do também general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ele teria integrado um gabinete para gerir a crise posterior à ruptura institucional. A PGR também o associou ao “Operação Punhal Verde e Amarelo”, onde estava previsto o assassinado de Moraes, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

    Ao STF, a defesa de Braga Netto disse que a denúncia é “ilógica e fantasiosa”. Os advogados dele também declararam que a peça da PGR parece “um filme ruim e sem sentido”.

    “Tal qual um filme ruim e sem sentido, a denúncia apresenta furos em seu roteiro que desafiam qualquer lógica plausível. De forma surrealista, sustenta absurdos como o plano de prisão de uma pessoa morta. Se não há compromisso com a lógica, certamente que não há nenhum comprometimento com a prova”, disse a defesa do ex-ministro.

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