Borzino – uma saga petropolitana
Estamos vivendo a festividade dedicada aos italianos que atravessaram o Oceano Atlântico e vieram para as Américas visando novos espaços para a vida e a sobrevivência, em tempos das guerras da unificação no Velho Continente, nos séculos XIX e XX. Para cá também se deslocaram os germânicos e outros povos, tornando-se cidadãos brasileiros e gerando descendências formadora de nossa gente brasileira.
Petrópolis, no seu cosmopolitismo de origem e formação, recebeu estes imigrantes do além-mar, como veio abrigando famílias fluminenses e dos demais estados nacionais, pedominantemente da boa gente mineira. Uai.
Nesse momento da festa italiana, as homenagens aos petropolitanos ”oriundi” vem acrescentar, ao nosso calendário turistico-cultural, o reconhecimento justo àqueles que por sua formação histórica, que vem dos idos romanos, implementaram em nossa cultura a latinidade do bom companheirismo, da solidariedade, do sentido comunitário forte e expressivo, irmanando-se e complementando-se à preciosa herança ibérica que nos honra e conduz.
A todos homenageando, destaco uma família de origem da peninsula itálica, os Borzino: Batista Borzino (Róbio-Paiva, Itália – 25-08-1869 ; Petrópolis, RJ – 21-12-1956) e sua esposa Marieta Nava Borsino (Novara, Bergamo, Itália – 04-10-1880 ; Petrópolis, RJ – 19-06-1945).
Uma história bonita, vibrante, romântica, iniciada com os enamorados Batista e Marieta. O pai da jovem Marieta decidou estabelecer-se, com toda a família, no Brasil tentando sobreviver no Novo Mundo. Apaixonado, Batista veio acompanhando a noiva. Porém, a esperança diminuida quanto às oportunidades de sobrevivência, fez retornar toda a família para a Itália. Batista ficou, encontrando trabalho na estrada de ferro Leopoldina. Prometeu à Marieta que a traria de volta, o que aconteceu, ao retornar à Itália, desposá-la e, por fim, em nova viagem, fixar-se em Petrópolis. Aqui nasceram os filhos Pedro, Paschoína Philomena e Giordano Bruno, quando Batista e Marieta resolveram voltar para a Itália, lá nascendo Carolina Dorotéia. Talvez pelo frio europeu, a inadaptação à vida na sociedade formada após os conflitos da unificação italiana, animaram o casal ao retorno ao Brasil e a Petrópolis, com seus 4 filhos. Trabalhando, crescendo, o casal teve, ainda, os filhos Teodoro Jacinto, Mariana, Romeu, Rosa e Mafalda, totalizando 9 descendentes. Todos casaram e tiveram filhos, espraiando a família pelos quatro cantos do município, atraindo outros borzinos que vieram da Itália para ampliarem a saga petropolitana. integralmente adaptada, fruto da crença de verdadeiros e dedicados trabalhadores de várias profissões, atividades, patrimônio cultural herdado pelos descendentes e por eles cultivado com a garra peculiar aos italianos.
Em Petrópolis Batista montou sua ferraria, atividade na qual revelava-se um mestre, sendo prestigiado como ferreiro da Casa Imperial, sob amizade pessoal com o Imperador D. Pedro II. Ele cobrava 400 réis para ferrar animais comuns e quatro mil réis nos serviços do Imperador, produzindo ferraduras com melhor acabamento com lima e polimento. Por sua dedicação recebeu um relógio Pateck-Philippe do imperador D. Pedro II. Muitos gradis dos jardins das grandes mansões petropolitanas foram feitas e instaladas por ele e sua família. Hoje compõem o acervo do patrimônio histórico e artístico da cidade. Residiu por todo o resto de sua vida na casa que adquiriu na rua Marciano Magalhães nº 741, no Morin.
Gostaria de transcrever a genealogia de toda a família, o que demandaria um espaço não adequado a um artigo, ficando na citação dos nomes daqueles que viveram a epopéia da conquista do espaço petropolitano, para honra do município que hoje possui os Borzino como raro e precioso patrimônio social.
Eles escreveram e escrevem a nossa melhor história.. Que Deus a todos continue abençoando.
(Para escrever este artigo tive o privilégio de acessar as notas do genealogista de Campinas, SP, Enzo Sylvio Luizetti, cedidas pela neta de Batista e Marieta, filha do 5º filho do casal Teodoro Jacinto, senhora Gessilda, viuva do saudoso comerciante d´A Combatente, José Alexandre Cordeiro, que foi meu amigo e atento benemérito da arte petropolitana).