Bombeiros suspendem as buscas e famílias ficam à espera de respostas
Neste 15 de maio completam três meses do temporal que provocou a pior tragédia que já se abateu sobre Petrópolis, deixando a cidade sob lama e lágrimas. Não bastasse diversos bairros do primeiro distrito e até o Centro Histórico já arrasados pelos ocorridos no dia 15 de fevereiro, pouco mais de um mês depois, no dia 20 de março, mais uma forte chuva só fez aumentar a lista de vítimas, que totalizou em 241 pessoas mortas, entre adultos, adolescentes e crianças. Oficialmente, segundo o site da Polícia Civil, três delas seguem consideradas desaparecidas. As buscas do Corpo de Bombeiros estão suspensas.
As famílias de Pedro Henrique Braga Gomes da Silva, de 8 anos, Heitor Carlos dos Santos, de 61 anos e Lucas Rufino da Silva, de 20 anos, após três meses do trágico dia ainda vivem o drama de localizar os corpos de seus entes queridos.
Pedro Henrique e Heitor Carlos estavam no ônibus arrastado pela correnteza na Rua Washington Luiz. O desfecho do caso do menino pode ser dado com o resultado de um exame de DNA, que segue sendo aguardado pela família desde que o corpo de uma criança foi encontrado no Rio Piabanha, na altura da Posse, em março. Já no caso de Heitor, não foram divulgadas informações sobre pistas do seu paradeiro.
O terceiro caso que segue sem desfecho é o de Lucas Rufino, o jovem de 20 anos morador do Morro da Oficina, onde um imenso deslizamento deixou o maior número de vítimas. A família diz que o corpo do rapaz foi retirado com a ajuda do próprio tio, cerca de 12 horas após o ocorrido, pela manhã de quarta-feira, dia 16 de fevereiro. No entanto, até hoje seu sepultamento não foi realizado porque, segundo a família, o corpo desapareceu no Instituto Médico Legal.
A coleta de material em uma peça de roupa usada pelo tio do rapaz durante o resgate das vítimas foi usada para exame de DNA na expectativa de que fosse de Lucas, mas o resultado do exame foi negativo. Diante da certeza da família de que foi feito o resgate e a negativa do Instituto Médico Legal de que o corpo tivesse passado por lá, a dor dos familiares que sobreviveram à tragédia continua latente.
A família inclusive diz ter fotos do momento da retirada de Lucas debaixo da lama. “Nós temos algumas fotos de quando estavam tirando o corpo dele, qualquer um que o conhecia sabe que era ele, imagina o tio confundir ele… Impossível”, conta o cunhado do rapaz, Antônio Adauto.
“Você não tem noção do tamanho da dor, o Adalto (pai de Lucas) desceu o morro com a esposa e a filha e as deixou no bar onde todos achavam estar seguros e subiu para buscar o Lucas que estava tirando água de dentro de casa. Quando os dois saíram de casa tudo isso aconteceu. O pai dele estava de mãos dadas com ele na hora que a barreira levou o Lucas , por coisa de um metro eles ficaram nessa, um metro para o Lucas sobreviver e um metro para o Adalto falecer. O Adalto ainda desceu pelo mato, machucado e quando chegou lá no bar chamando pela esposa viu que a barreira também havia levado ela e a filha de 6 anos”, relembra Antônio, emocionado.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), abriu inquérito para apurar o caso, que segue sendo investigado na 105ª Delegacia de Polícia.
Buscas paradas
No momento, as buscas pelas três vítimas estão suspensas. Questionado, o Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro disse que a segue à disposição caso haja novas informações e/ou solicitações relacionadas ao evento.
De acordo com a corporação, após os primeiros chamados, o Corpo de Bombeiros iniciou os socorros. As equipes de bombeiros, que receberam reforços inclusive de militares de outros estados, atuaram em 100 pontos de buscas simultâneos. Com a ajuda de cerca de 60 cães farejadores, foram realizadas buscas numa área equivalente a mais de 10 hectares (100 mil metros quadrados). As operações contaram com apoio de drones, helicópteros e máquinas. O Corpo de Bombeiros RJ também percorreu mais de 40 km de rios em busca de vítimas.
A Polícia Civil também foi questionada, aguardamos resposta.