Bolsa fecha em alta de 2,17%, aos 80.687,15 pontos, com varejo e Petrobras
Na retomada dos negócios após o feriado de Tiradentes, o Ibovespa foi beneficiado pelo dia positivo no exterior, depois de segunda e terça-feira de pressão sobre o petróleo e os ativos de risco como um todo. Assim, enquanto o índice Brazil Titans 20 encerrou a terça-feira com perdas acima de 3% em Nova York, o principal índice da B3 subiu 2,17% nesta quarta-feira, 22, aos 80.687,15 pontos, tendo oscilado entre mínima de 78.972,76 e máxima de 81.183,73 pontos na sessão, com giro financeiro a R$ 24,4 bilhões. Em Nova York, os ganhos do dia ficaram entre 1,99% (Dow Jones) e 2,81% (Nasdaq), em recuperação puxada pelas ações de tecnologia.
No mês, o Ibovespa acumula ganho de 10,50% e, na semana, de 2,15%, cedendo 30,23% no ano. Nesta quarta-feira, atingiu o maior nível de fechamento – e o primeiro acima de 80 mil pontos – desde o dia 13 de março, quando havia encerrado aos 82.677,91 pontos.
Após o derretimento observado especialmente no contrato de maio do WTI, que expirou na terça, o vencimento de junho da referência americana de petróleo encerrou a sessão desta quarta em alta de 19,10%, ou US$ 2,21, a US$ 13,78 por barril, em nível ainda muito depreciado, enquanto a referência global para o mesmo mês, o Brent, encerrou o dia na ICE, em Londres, com ganho de 5,38%, ou US$ 1,04, a US$ 20,37 por barril.
Assim, após a relativa resiliência mostrada pelas ações da Petrobras na segunda-feira, quando caíram moderadamente, o dia foi de alívio tanto para a ON como para a PN da petrolífera, em alta respectivamente de 3,63% e de 5,02% no encerramento da sessão.
A expectativa de corte adicional na produção da Opep+ e a promessa do presidente Donald Trump de retaliar de forma esmagadora eventuais ataques iranianos a navios americanos na região do Golfo deram suporte aos preços da commodity, em momento no qual as posições vendidas vinham se impondo.
Além da Petrobras, outras blue chips também se mantiveram em terreno positivo na sessão, com Vale ON em alta de 1,04%, enquanto os bancos perderam fôlego em direção ao fechamento do dia, em baixa. Bradesco PN cedeu 0,36%, enquanto Itaú Unibanco e Santander caíram respectivamente 1,19% e 2,35%, em meio à crescente percepção de que o BC poderá reduzir a Selic a 3% em maio, ante os sinais “dovish” recentemente emitidos pela autoridade monetária.
“A curva de juros está sinalizando juros mais baixos e por mais tempo, apontando agora Selic a 2,60% em 2021. Há uma correção muito forte em andamento nos juros futuros, o que resulta em ajuste das expectativas e dos prêmios de risco, ajudando a entender o movimento de hoje nas ações, e favorecendo em especial as de varejo”, diz Matheus Soares, analista da Rico Investimentos.
Para Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante, além da recuperação importante do petróleo, especialmente após o tom duro de Trump contra o Irã, e da aprovação de pacote do Senado dos EUA em apoio a pequenas e médias empresas, o “gap” do Ibovespa em relação a outros índices de referência – “tínhamos ficado muito para trás” – começa a ser fechado por algumas notícias positivas. “Hoje o Pão de Açúcar divulgou prévia do primeiro trimestre com crescimento de 15% na receita em relação ao ano passado, forte em um setor defensivo como esse”, diz. “E há números do e-commerce, tudo colaborando para essa alta”, acrescenta.
Assim, beneficiadas também pelos sinais de que municípios e Estados dão os primeiros passos em direção ao afrouxamento da quarentena, as ações de varejo estiveram entre as vencedoras do dia, com destaque para Via Varejo (+12,29%), Lojas Americanas (+9,39%) e Pão de Açúcar (+8,80%), na ponta do Ibovespa nesta sessão, superadas apenas por B2W (+17,15%). No lado oposto, IRB cedeu 7,29%, Embraer, 2,50%, e Santander, 2,35%.
Na avaliação de Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, “o afrouxamento da quarentena” leva também o mercado a antever “retomada de alguns setores da economia”. Nesta quarta-feira, o governador de São Paulo, João Doria, confirmou que o Estado adotará um plano de reabertura “gradual” da economia a partir do dia 11 de maio.