BCE: gargalos de oferta e preços de energia são riscos para inflação, diz Guindos
O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, afirmou nesta segunda-feira (15) que os gargalos de oferta na economia global e o aumento dos preços de energia são os principais riscos para a inflação e o crescimento econômico. “A alta da inflação pode durar mais do que o esperado há alguns meses”, disse o dirigente durante um discurso no encerramento da conferência de abertura da 24ª Euro Finance Week.
Na avaliação de Guindos, os custos crescentes de energia pesam sobre o crescimento porque limitam o poder de compra das famílias. “A escassez de materiais, equipamentos e mão de obra qualificada está limitando as capacidades de produção em alguns setores, retardando a saída da crise”, disse. Ele também acrescentou que essa falta de produtos aumenta as incertezas quanto à inflação.
Mesmo com os preços em alta, ele afirmou que não há evidências de efeitos secundários da inflação, por exemplo, na dinâmica salarial. Mas ponderou que os salários na zona do euro devem crescer um pouco mais em 2022 do que em 2021.
Vulnerabilidades
Luis de Guindos também disse no evento que as vulnerabilidades da estabilidade financeira global estão aumentando devido aos níveis elevados de dívida corporativa e soberana. “Levaremos em consideração os riscos de estabilidade financeira de curto e médio prazo ao tomarmos decisões de política monetária”, declarou Guindos.
Ele destacou que, durante a pandemia, a acomodação monetária garantiu condições de financiamento favoráveis, o que, juntamente com outras medidas de política econômica, ajudou a mitigar os riscos financeiros. “No entanto, as políticas macroprudenciais e microprudenciais continuam sendo a primeira linha de defesa contra o acúmulo de riscos de estabilidade financeira para o sistema bancário e para os bancos individuais, respectivamente”, afirmou.
Guindos defendeu que agora pode ser o momento de considerar a implementação gradual de políticas macroprudenciais específicas em cada país. “Obviamente, uma vez que as vulnerabilidades diferem substancialmente entre os países da zona do euro, essas medidas terão de ser proporcionais aos riscos específicos e às fases de recuperação econômica.”