• BC/Rocha: déficit menor em c/c mostra continuidade de solidez das contas externas

  • 25/07/2022 12:49
    Por Eduardo Rodrigues e Thaís Barcellos / Estadão

    O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando RochaFernando Rocha, destacou nesta segunda-feira, 25, que o déficit de US$ 2,764 bilhões nas transações correntes de março – o menor para o mês desde 2017 – decorre do bom resultado das exportações brasileiras.

    “O déficit pequeno em conta corrente em março mostra a continuidade de solidez das contas externas”, avaliou. “Como fruto da recuperação da atividade econômica após a pandemia, o valor e o volume dos embarques de commodities tem aumentado. A exportações de bens em março e em 12 meses foram recordes da série histórica. Com isso, o superávit comercial de US$ 6,109 bilhões em março foi o melhor para o mês também desde 2017”, detalhou.

    Já a conta de serviços ficou negativa em US$ 2,188 bilhões em março, enquanto a conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 6,953 bilhões. Rocha apontou ainda que o aumento dos déficits nessas duas contas se deve à normalização da economia após a pandemia. “A retomada da economia permite o retorno de déficits maiores na conta de viagens internacionais, enquanto os melhores resultados das empresas elevam as remessas de lucros e dividendos ao exterior”, afirmou.

    Fernando Rocha também disse que a entrada de US$ 24,133 bilhões Investimentos Diretos no País (IDP) no primeiro trimestre do ano foi o melhor volume para o período desde 2012, quando somaram US$ 29,4 bilhões. “A entrada de US$ 7,581 bilhões em IDP em março foi o maior montante para o mês dede 2017 (US$ 7,8 bilhões), quando ainda não havia impactos da pandemia de covid-19 nessa conta”, acrescentou.

    No acumulado dos 12 meses até março deste ano, o saldo de investimento estrangeiro ficou em US$ 51,249 bilhões, o que representa 3,08% do Produto Interno Bruto (PIB). “Esse volume é praticamente o dobro do déficit em transações correntes no período (US$ 23,538 bilhões, 1,41% do PIB), o que mostra a sustentabilidade das contas externas”, disse.

    Déficit em viagens

    Rocha avaliou que a conta de viagens internacionais estava em março em pleno processo de normalização, ainda aquém dos resultados pré-pandemia. “A conta de viagens em março teve maior déficit desde janeiro de 2020. Para meses de março, foi o maior desde 2019”, destacou. “O déficit na conta de viagens ainda tem espaço para crescer na medida em que forem normalizadas as atividades no pós-pandemia”, completou.

    O saldo de viagens internacionais foi deficitário US$ 648 milhões em março, informou nesta segunda-feira o Banco Central. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. No terceiro mês de 2021, em meio à onda mundial de contágios da variante Ômicron do novo coronavírus, o déficit nessa conta foi de apenas US$ 100 milhões.

    No acumulado do ano até março, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 1,362 bilhão. No mesmo período do ano passado, o déficit nessa conta foi de apenas US$ 167 milhões.

    Após o fim da greve dos servidores do BC, no início do mês, o órgão começou hoje a atualizar os dados do setor externo, mas as informações continuam defasadas, uma vez que, neste momento, já deveriam estar disponíveis as estatísticas até junho. Rocha prometeu atualizar os dados de abril e maio no fim de agosto.

    Após divulgar apenas nesta segunda os resultados das contas externas de março, Fernando Rocha, reforçou que há a expectativa de que os dados de abril e maio sejam publicados em agosto. “Não foi possível publicar dois meses em um só documento nessa primeira publicação das contas externas após a greve”, afirmou.

    Já no caso das estatísticas de crédito, a nota que será publicada na quarta-feira (27) virá com dados de março e abril. “Na nota de crédito de agosto, seriam maio e junho”, completou. Para as estatísticas fiscais, o BC publicará na próxima sexta-feira (29) os dados de maio. “Em agosto, publicaríamos os dados fiscais de junho e julho, voltando ao padrão normal de um mês de defasagem. As outras notas vão demorar um pouco mais”, admitiu.

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