BC: Projeção de IPCA 12M até o fim do 3º trimestre de 2026 cai de 4,0% para 3,9%
O Comitê de Política Monetária (Copom) diminuiu a sua projeção para a inflação acumulada em 12 meses até o fim do terceiro trimestre de 2026, horizonte relevante da política monetária. A estimativa caiu de 4,0% para 3,9% no cenário de referência, distanciando-se do teto da meta, de 4,50%.
É a primeira redução na projeção do Banco Central para o IPCA no horizonte relevante desde que a métrica começou a ser divulgada, em julho de 2024.
Apesar da redução, a estimativa ainda indica que a trajetória da taxa Selic embutida no relatório Focus – com alta dos juros a 15% no fim do ciclo, em junho, e sem cortes ao longo de 2025 – seria insuficiente para fazer a inflação convergir ao centro da meta, de 3%, no período de seis trimestres observado pelo Banco Central (BC).
Nesta quarta-feira, o Copom aumentou a Selic em 1 ponto porcentual, de 13,25% para 14,25%, seguindo o forward guidance criado em dezembro e repetido na última reunião, de janeiro. A decisão era esperada por todas as instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast e por todos os participantes do Focus.
“O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista”, destaca o comunicado do Copom divulgado há pouco.
Desde a última reunião, de janeiro, a cotação do dólar usada pelo comitê nas suas projeções caiu de R$ 6,0 para R$ 5,80. As medianas do Focus para o IPCA de 2025 e 2026 subiram de 5,50% para 5,66% e de 4,22% para 4,48%, respectivamente, mas diminuíram o ritmo de alta.
A projeção do Copom para o IPCA acumulado em 2025 passou de 5,2% para 5,1%.
Todas as estimativas levam em conta a evolução da taxa de câmbio conforme a paridade do poder de compra (PPC), a trajetória de Selic embutida no relatório Focus e o preço do petróleo seguindo a curva futura por aproximadamente seis meses, passando a aumentar 2% ao ano posteriormente.
Também nesse cenário de referência, o Copom ajustou as suas projeções para a inflação de preços livres em 2025 (5,2% para 5,4%) e manteve a projeção para o terceiro trimestre de 2026 (3,8%). A projeção para os preços administrados passou de 5,2% para 4,3% este ano e de 4,6% para 4,2% no horizonte relevante.
Juros reais
Apesar da alta de 1 ponto na Selic, o Brasil caiu da segunda para a quarta posição no ranking dos maiores juros reais elaborado pelo site MoneYou, com 8,79%. O País fica atrás da Turquia (11,90%), Argentina (9,35%) e Rússia (8,91%), e à frente de Indonésia (6,48%).
O BC calcula que a taxa real neutra de juros do Brasil – que não estimula, nem deprime a economia – é de 5,0%.