• BC prevê desaceleração da atividade com impacto defasado da alta da Selic

  • 21/06/2022 10:59
    Por Thaís Barcellos e Célia Froufe / Estadão

    O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central acredita que a economia doméstica ainda está em processo de recuperação em relação ao impacto da pandemia, mas que deve mostrar desaceleração “nos próximos trimestres”, quando o impacto de sua atuação sobre a taxa básica de juros começar a revelar os efeitos defasados. A avaliação foi divulgada na manhã desta terça-feira, 21, por meio da ata da reunião do Copom da semana passada, que decidiu elevar a Selic para 13,25% ao ano, um aumento de 0,50 ponto porcentual.

    “O Comitê avalia que os dados recentes de atividade doméstica, que suscitaram uma revisão positiva para o crescimento em 2022, ainda refletem, majoritariamente, o processo de normalização da economia após a pandemia”, escreveram os membros do Copom, salientando que isso se dá tanto em relação ao maior consumo de serviços quanto na utilização do excesso de poupança observado em relação ao precedente histórico, e também considerando o estímulo fiscal transitório efetuado no primeiro semestre do ano. Para o colegiado, porém, a atividade deve desacelerar nos próximos trimestres quando os impactos defasados da política monetária se fizerem mais presentes.

    O colegiado ressaltou que o conjunto dos indicadores de atividade econômica divulgado desde a reunião anterior indica um crescimento acima do que era esperado pelo Comitê.

    Como exemplo, citou indicadores relativos ao mercado de trabalho, que seguem em recuperação, e a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, que apontou ritmo de atividade acima do esperado, elevando o carregamento estatístico para este ano. “O consumo das famílias segue contribuindo positivamente, enquanto, no último trimestre, a formação bruta de capital fixo contribuiu negativamente”, ponderou.

    Debate sobre sinalização dos juros

    O Copom explicou na ata divulgada nesta terça-feira que houve um debate no colegiado sobre como se daria a sinalização para a próxima reunião. “Dada a persistência dos choques recentes, o Comitê avaliou que somente a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros por um período suficientemente longo não asseguraria, neste momento, a convergência da inflação para o redor da meta no horizonte relevante”, relatou o documento.

    Por esse motivo, o Comitê optou então, por sinalizar, um novo ajuste de igual ou menor magnitude no encontro de agosto.

    “Essa estratégia (sobre a sinalização futura) foi considerada a mais adequada para garantir a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante, assim como a ancoragem das expectativas de prazos mais longos, ao mesmo tempo que reflete o aperto monetário já empreendido, reforça a postura de cautela da política monetária e ressalta a incerteza do cenário”, trouxe o documento.

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