• Batalhas de uma campeã: conheça a história de Fabiana Soares, paratleta petropolitana que almeja Tóquio

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  • 16/03/2021 10:12
    Por Victor Carneiro

    Fabiana Soares tem 42 anos de idade e é petropolitana, nascida e criada no Quarteirão Ingelheim. Iniciou a trajetória no esporte aos 16 anos. Foi goleira
    de Hóquei durante 11 temporadas dos times Sesi e Corrêas. Após situações que a incomodaram, optou por se afastar do esporte. Foram 10 anos de inatividade,
    até que em 2015, foi apresentada à esgrima adaptada.

    De lá pra cá, Fabiana se tornou um dos principais nomes da modalidade: tri-campeã brasileira no florete e segunda colocada no ranking nacional; bi-campeã brasileira no sabre e primeira no ranking nacional da categoria; e terceira colocada no ranking nacional de espada. Conquistas importantes para quem, até pouco tempo, sequer conhecia a esgrima.

    Uma coleção de medalhas ilustra o talento de Fabiana Soares para a esgrima: destaque no esporte paralímpico nacional. (Foto: divulgação)

    “Eu sempre gostei de esportes. Meu pai era esportista e sempre tive esse envolvimento com a prática de atividades físicas. Quando descobri a esgrima, fui assistir a uma competição em São Paulo. Gostei muito, e decidi fazer uma vaquinha online para comprar a cadeira, e a partir de 2016 comecei a competir”, contou Fabiana.

    Mesmo com os resultados expressivos e a consolidação a cada ano na esgrima adaptada, a paratleta ainda não tem patrocínios. “Me entristece, porque esse é o reflexo da desvalorização aos esportistas da cidade. Venho trabalhando ao longo dos anos sem apoio, gastando do meu bolso. É algo que me chateia, mas não penso em desistir. A esgrima se tornou uma paixão na minha vida”, desabafou a paratleta, que conta com uma ajuda bem inusitada.

    Além da colaboração pontual de amigos e conhecidos, ela recebe uma pequena quantia mensal de uma pessoa que conheceu em um VLT, no Rio. “Foi bem inusitado. Eu estava no Rio, e voltando para Petrópolis tive que pegar um VLT. Ali, conheci uma médica e começamos a conversar. Contei um pouco a minha história, minha trajetória e, desde então, ela passou a me ajudar com 100 reais mensalmente”, disse.

    O valor, segundo ela, já ajuda nos gastos do treinador Guilherme Giffoni com gasolina e pedágio. Giffoni sobe a serra duas vezes por semana para treiná-la. Além do treinador, Fabiana também conta com o trabalho de um personal trainer, para o aprimoramento da parte física.

    A esperança em disputar as paralimpíadas de Tóquio

    Fabiana segue mantendo a rotina de preparação para os jogos de Tóquio, porém, a conquista de uma vaga se tornou mais difícil. No mês de maio, duas competições seriam disputadas em São Paulo: o Regional das Américas e a Copa do Mundo.

    Fabiana ainda alimenta o sonho de disputar as Paralimpíadas em Tóquio. (Foto: Divulgação)

    Seriam… Os dois eventos foram cancelados pela Federação Internacional do Esporte para Amputados e Cadeirantes (IWAS – sigla em inglês) por causa da pandemia, e por isso, Fabiana aguarda, com ansiedade, o desenrolar da situação.

    “Eu ainda estou esperançosa, mas as coisas estão bem incertas. Eles devem definir em junho todo esse imbróglio das vagas”, contou. Além do Regional das Américas, os campeonatos asiático e europeu também foram suspensos.

    O cancelamento das competições passa a gerar uma expectativa à petropolitana, que está a quatro pontos da atleta do Canadá no ranking mundial. Neste cenário, ela
    estaria fora dos jogos de Tóquio nas competições individuais. Mas nem tudo está perdido: caso Fabiana não conquiste vaga para as disputas individuais, ela ainda pode
    disputar as Paralimpíadas de Tóquio na prova por equipes.

    Desafios além do esporte

    E os desafios de Fabiana vão muito além das competições de esgrima. Ela também é profissional de fisioterapia e atua na linha de frente no enfrentamento a Covid-19.
    Fabiana, inclusive, já foi vacinada.

    “Tem sido bem pesado, não só fisicamente, mas psicologicamente. São pessoas morrendo todos os dias, os números aumentam a cada dia e os casos com jovens
    estão aumentando de forma significativa. As pessoas precisam se conscientizar que o vírus continua matando”, disse a fisioterapeuta, que trabalha em plantões
    de 24 horas e ainda encontra tempo para conciliar o trabalho com o esporte.

    “Os treinamentos me ajudam a esquecer um pouco dos problemas. Quando começo a treinar, foco 100% no esporte. Nesses tempos difíceis que vivemos, a esgrima tem sido meu refúgio”, completou. Enquanto a definição sobre as vagas para os jogos de Tóquio não sai, Fabiana segue com os treinamentos no Sport Club Magnólia, e atuando como fisioterapeuta. Batalhas diárias de uma campeã dentro e fora do esporte.

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