Banho maria
A semana começou morna e ao que tudo indica acabará morna, tirante uma nova pesquisa (Instituto Paraná Pesquisas) de tendências para presidenciáveis em 2018, onde novamente Lula aparece em primeiro (25,8%) nas intenções de voto e Bolsonaro em segundo (16,1%). Não há avaliação dos nomes de Temer e Aécio que não figuraram, por não terem sido incluídos, na pesquisa (onde, segundo interpretações de analistas da pesquisa, são nomes mortos politicamente – penso que Aécio sim, Temer, ainda não: o tempo dirá). O quadro assustaria um pouco, se não soubéssemos que faltam ainda 1 ano e 3 meses para as eleições, e que no momento estes números para muito pouco servem e não dão qualquer prognóstico objetivo e/ou aproveitável.
Tampouco, pode ser considerada de alta reelevância, a aprovação na Comissão de Constituição e Justiça do Senado do texto original da PEC 67/2016, do senador José Reguffe (sem partido-DF), que prevê eleições diretas se a Presidência da República ficar vaga em até três anos de mandato; algo inesperado? Não. São armações (para o Volta Lula) de descontentes que torcem e apostam na cassação da chapa Dilma/Temer no TSE. Ou ainda, o fato de Romero Jucá, Jader Barbalho e Eduardo Braga, (todos do PMDB), três senadores investigados na Lava Jato, serem escolhidos para integrar o Conselho de ética do Senado que irá deliberar sobre e julgar os Senadores investigados na Lava Jato. Isto mostra apenas, o quanto nossas instituições estão fragilizadas e sem qualquer conexão com um mínimo de moral e respeito. Sem nos esquecermos da recondução de Renan Calheiros à condição de líder do PMDB no Senado. São achincalhes à sociedade civil.
Na esfera do Judiciário, não poderia deixar de comentar o maior acordo de leniência levado a efeito no mundo, uma multa cujo valor é de 10,3 bilhões de reais entre a JBS e o Ministério Público Federal, um valor aparentemente alto, mas que representa menos de 6% do faturamento anual do grupo. E ainda a falta do que fazer do ministro Gilmar Mendes que não para de falar e dar entrevistas a uma imprensa que lhe dá ouvidos. Bons tempos quando ministros e juízes só falavam nos autos! Sem nos esquecermos do isolamento a que está sendo submetido o ministro Edson Fachin por seus pares.
O julgamento do fim do foro privilegiado levado a efeito pelo STF que poderia ser o mais importante acontecimento da semana, já que antecipava uma decisão que o Congresso Nacional, por incompetência e interesses corporativos não conseguiu votar a tempo antes do julgamento do STF, foi interrompido por um pedido de vista. Outrossim, a troca dos nomes no Ministério da Justiça de um zero por outro, ou de seis por meia dúzia, tampouco importa. Saudosistas vão lembrar de Saulo Ramos, o último grande nome neste Ministério e lá se vão 27 anos.
A imprensa, por sua vez, continua a insistir em falar em crise, a tal da crise política, como se desde antes do impeachment de Dilma e depois dele não vivêssemos constantemente e diariamente em crise política; mudam os fatos e mudam os personagens e ela continua presente. A boa notícia é a saída da recessão com o crescimento do PIB no primeiro trimestre.
Nossas instituições estão sofrendo mudanças: jamais em tempo algum, se deu publicidade a uma escuta clandestina de um Presidente da República ( e mesmo que autorizada por um Ministro do Supremo, coisa que não poderia ter acontecido, sob pena de fragilização do regime democrático) ; são novos tempos, com exageros, muitos exageros, é bem verdade, mas penso que ninguém ganha com este jogo sujo de baixo calão que só serve para desestruturar ainda mais o País, que vem de um desgoverno irresponsável do PT.