Balcão de negócios
Quando o ex-presidente da França Charles De Goule esteve entre nós e declarou que o Brasil não era um país sério, por pouco não declaramos guerra à França. Felizmente o brasileiro só briga por futebol, mulher e cachaça. O tempo passou e, a cada dia, a declaração do Charles se torna mais evidente. Hoje o país parece um grande circo, onde uma Câmara corrupta, não passa de um picadeiro.
Tem palhaço para todos os gostos e cada um com seu preço. Sabendo disso, o atual presidente, precisando montar um grande espetáculo, comprou os deputados com pagamento adiantado, para se manter no poder. Os espinhos que poderiam ferir as pessoas que ocupam o mais alto cargo no país já não ferem e, se ferem, existe uma pomada antiinflamatória chamada propina. Basta que o presidente, através de uma simples penada, nomeie aqueles que poderiam ser seus opositores, para importantes cargos públicos.
É o chamado cala-boca. Se na terça-feira o importante jornal do Rio publica a seguinte manchete: “Temer faz ofensiva para barrar denúncia já amanhã”, no dia seguinte publica Temer vai ao limite – “ruralistas, a maior bancada, recebem agrado”. “Onze ministros devem se licenciar, e deputados fizeram fila para negociar favores”. Pronto, foi armada a feira livre, porque cada um tem seu preço. Do próprio bolso, Temer não tirou um só centavo, mas não economizou recursos públicos para tentar votar e rejeitar hoje a denúncia por corrupção passiva contra ele. O que propina e nomeações não resolve, nada mais consegue resolver. Temer é hoje um homem que vive muito bem financeiramente e tem uma bela esposa, nossa atual primeira dama. Poderia viver bem com sua robusta aposentadoria e aproveitar o tempo que lhe resta para dar uma volta ao mundo, muito bem acompanhado, no que seria, naturalmente, uma nova lua de mel. Porém, os interesses escusos e a vaidade pessoal de ser presidente do Brasil são motivos bastante fortes para não deixá-lo abdicar da coroa.