• Baianinho de Mauá e Felipinho querem colocar a sinuquinha na Olimpíada

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  • 23/09/2022 20:57
    Por Marcos Antomil / Estadão

    Baianinho de Mauá e Felipinho serão protagonistas neste sábado, às 20h, do Super Desafio da sinuquinha. Em jogo, estará a maior premiação da história do esporte no País. O duelo é promovido pela Liga Brasileira de Sinuquinha, produto da holding BMS, e terá transmissão do canal Mundo da Sinuca no YouTube. Mas, para além, deste desafio, Felipinho e Baianinho de Mauá têm outro sonho: colocar a sinuca no hall de esportes olímpicos.

    A sinuquinha se difere da sinuca em vários detalhes, como peso e dimensão da bola, número de caçapas e revestimento da mesa. O diminutivo, porém, em nada se deve à dimensão do jogo. O número de fãs e o interesse de patrocinadores tem impulsionado a modalidade. Somente neste desafio estarão em disputa R$ 400 mil.

    Outro fato importante é a possibilidade de apostas no jogo por meio do site da Betway. Baianinho e Felipinho atualmente não precisam se dedicar a outras atividades e conseguem seu sustento pelo jogo de sinuca. “Dá para viver com isso, mas antigamente era muito difícil, porque a gente tinha de tirar do nosso bolso para participar do campeonato”, afirma Felipinho, de 26 anos.

    EVOLUÇÃO DO ESPORTE

    Para garantir uma melhora no ambiente da sinuca, o anseio primordial dos competidores é torná-la federada, ou seja, criar uma federação nacional para organizar o esporte. Assim, entendem que será possível criar condições, inclusive políticas, para o crescimento da sinuquinha e futuramente buscar um espaço entre os esportes disputados nos Jogos Olímpicos. Uma das ideias é aumentar a captação de público jovem, assim como fizeram skate, surfe, escalada e brake dance.

    “Quem sabe um dia a sinuca vai evoluir e se tornar um esporte federado”, inicia Felipinho. “Eu creio que um dia possa ser olímpico, porque é um esporte muito difícil para jogar. O esporte mais difícil do mundo para jogar, penso eu. Para se ter uma ideia: no Brasil hoje tem 10 jogadores de elite. Em qualquer outro esporte, tem mais de mil. Então é muito difícil. Creio que temos muitos fãs entre os jovens e podemos melhorar”, refletiu.

    RESPEITO E ADMIRAÇÃO

    Acima de tudo, Baianinho de Mauá, o nome mais relevante e experiente da sinuquinha no País, e Felipinho guardam respeito entre si. Adversários no momento do jogo, os dois reconhecem atributos positivos e avaliam como primordial na sinuquinha a cortesia. Quando o jogo começa, o cenário pode até elevar os níveis de tensão, mas nada pode atrapalhar a relação entre os competidores.

    “Independentemente do jogo, tem a rivalidade. Então é na hora do jogo que as coisas funcionam. Depois que a gente casa o dinheiro ali, o jogo começa. Eu quero casar meu dinheiro, mas não quero perder meu dinheirinho. Mas somos amigos, aí tomamos uma coquinha junto uma cachacinha, mas é no jogo que tem uma rivalidade. É esse lado mental em que nós temos que sempre nos esforçar para não abraçar esse lado pessoal”, explica Baianinho, de 48 anos.

    “Na hora do jogo, a gente está mudando muito. Antes, o pessoal tinha muito desrespeito. O pessoal gritava na hora da tacada e acabava atrapalhando a gente. O jogo de sinuca não depende só de sorte, depende da mentalidade da gente e do emocional também. Às vezes você fica nervoso, envolve dinheiro também. Exijo respeito de todos os lados”, complementou Felipinho.

    O competidor mais jovem revelou que tem estratégias para bater o experiente Baianinho de Mauá. A sinuquinha é um jogo de concentração, em que o fator sorte tem um papel fundamental. “Um rapaz muito experiente. A gente, que é novo ainda, tem de ter umas cartas na manga, que ele ainda não sabe. Aqui eu estou bem preparado”, brinca Felipinho. Baianinho não deixou barato e também disse ter suas cartas na manga.

    INÍCIO

    Baianinho revela que Rui Chapéu sempre foi seu grande espelho no esporte. Em contrapartida, Felipinho aponta justamente Baianinho como principal referência da sinuquinha. Natural de Paulo Afonso, na Bahia, o principal nome da modalidade no país conta que se desafiou sempre a enfrentar os competidores mais difíceis e, por isso, alcançou bons resultados. Em sua cidade, aos 15 anos aproximadamente, Baianinho jogava em um mercado e com seu estilo foi chamando a atenção de competidores de municípios vizinhos e assim fez seu nome na região.

    “Os jogadores de fora da cidade vinham jogar comigo às sextas e sábado, que eram dias de feira, então juntava muita gente. Quando se aglomera bastante gente, o pessoal pensa logo que é briga, mas o povo via aquele show e começou a valorizar. O jogo era bonito, eu jogava bem e não arrumava confusão”, relata Baianinho.

    Felipinho teve um início mais tenso. Criado pelo pai no Paraná, começou a praticar aos 12 anos, mas como todo iniciante perdia muitos jogos. Ele conta que ficava dividido entre a sinuca e o futebol. Como o pai era dono de um bar, tinha contato diário com a sinuca. Certa vez, após uma derrota, seu pai, indignado com o resultado, chegou a quebrar um taco na frente de todos os rivais. “Chorei muito, até pensei em desistir”, conta. Apesar de ter ficado afastado pai por algum tempo por causa das competições, Felipinho guarda relação amistosa e trouxe o pai para também viver em Ribeirão Preto.

    Tanto Felipinho como Baianinho de Mauá reforçam que o perfil da sinuquinha mudou. Se antes havia muita confusão durante os jogos, principalmente dependendo do ambiente em que eram disputados os jogos, hoje com apoio e a organização de campeonatos oficiais, o panorama ganhou novos horizontes, favorecendo a prática do esporte.

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