Avião da FAB chega com Brasileiros e estrangeiros resgatados da Ucrânia
Os brasileiros e estrangeiros resgatados da Ucrânia chegaram a Brasília nesta quinta-feira, 10. O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, viajou com o grupo, que foi recebido na base aérea da capital pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
O avião saiu de Varsóvia, na Polônia, na quarta-feira, 9. Foram repatriadas 68 pessoas: 42 brasileiros, 20 ucranianos, 5 argentinos e 1 colombiano. Do total, 14 são crianças. O voo trouxe também 8 cachorros e dois gatos.
Um dos resgatados se identificou como Roni de Moura. Ele disse que o voo no cargueiro multifuncional KC-390 da Força Aérea Brasileira (FAB) não foi confortável, mas “conforto era a última coisa que estávamos procurando” neste momento.
“O voo foi muito, muito cansativo. Quero dar um abraço na minha namorada e no meu filho”, disse Moura, que estava em Kiev cursando o último ano da faculdade de Medicina.
A chegada do grupo foi acompanhada pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e por dezenas de aliados. A cerimônia teve ares de evento eleitoral, com a presença de autoridades do governo, de aliados, como o ex-senador Magno Malta, e transmissão ao vivo pelas redes sociais dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (União Brasil-SP). Os ministros Braga Netto (Defesa), Marcelo Queiroga (Saúde), Onyx Lorenzoni (Trabalho), Flávia Arruda (Secretaria de Governo) e Gilson Machado (Turismo) também estiveram na cerimônia.
Em uma rede social, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, disse que haverá “requisitos migratórios simplificados no desembarque e testagem e imunização” dos passageiros. “Caso alguém tenha resultado para Covid 19, já será encaminhado diretamente para um hotel onde cumprirá a quarentena. Com o apoio das companhias aéreas brasileiras, vamos levar cada passageiro de volta para casa, até o seu destino final”, informou.
O que começou como uma troca de acusações, em novembro do ano passado, evoluiu para uma crise internacional com mobilização de tropas e de esforços diplomáticos para evitar um aprofundamento das tensões
Enquanto a invasão russa à Ucrânia se arrasta, Moscou entra num conflito paralelo: uma prova de resistência econômica e política contra o Ocidente
O Ministério da Saúde afirmou, em nota, que fará a testagem e a vacinação dos passageiros na base aérea de Brasília. “A pasta fará a vacinação contra a raiva dos Pets que acompanharam o voo”, observou a pasta.
A operação de repatriação é uma das tentativas do governo Jair Bolsonaro de emplacar uma agenda positiva relacionada à guerra. Ela foi organizada pelos ministérios depois de pressão popular sobre a demora do governo em prestar assistência consular à comunidade brasileira na Ucrânia.
Na ida, o avião KC-390 levou uma carga de 11,6 toneladas de ajuda humanitária, solicitada por diplomatas ucranianos. Entre os equipamentos doados, estão 50 purificadores de água, alimentos desidratados e insumos médicos, cedidos pelo Ministério da Saúde.
Brasileiros ficaram sem orientações
Até a deflagração do conflito, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro, não havia orientação para que os brasileiros deixassem o território ucraniano, como recomendavam as potências ocidentais, e o governo brasileiro apostava, ao menos em público, numa desmobilização de tropas russas.
Nos primeiros dias de guerra, a orientação do Itamaraty era para que, quem quisesse, buscasse sair do país por meios próprios. Na ocasião, o Ministério das Relações Exteriores disse que não tinha condições de preparar um resgate.