Avanço de commodities por guerra impulsionará inflação na América Latina, diz FMI
A escalada dos preços de commodities, em decorrência da guerra na Ucrânia, impulsionará a inflação na América Latina e Caribe, preveem dirigentes do Fundo Monetário Internacional (FMI), em artigo divulgado no blog da instituição nesta terça-feira, 15.
O texto é assinado pelo diretor do Departamento para o Hemisfério Ocidental do FMI e ex-presidente do Banco Central do Brasil, Ilan Goldfajn, em conjunto com outros quatro representantes da entidade multilateral.
O artigo destaca que a taxa anual de inflação está acima de 8% em cinco das maiores economias da região: Brasil, México, Chile, Colômbia e Peru. “Bancos centrais podem ter que defender ainda mais a credibilidade no combate à inflação”, alerta.
A análise acrescenta que as condições financeiras no Hemisfério Ocidental permanecem “relativamente favoráveis”, mas que a piora do conflito no Leste Europeu pode levar a estresses globais que, junto com a política monetária contracionista, pesará sobre o crescimento econômico.
No caso dos Estados Unidos, as ligações com Rússia e Ucrânia são limitadas, diz o texto. Apesar disso, a inflação já estava elevada antes da guerra. “Isso significa que os preços podem continuar subindo à medida que o Federal Reserve começa a aumentar as taxas de juros”, destaca.
Europa
De acordo com o artigo, sanções ocidentais contra a Rússia prejudicarão a intermediação financeira e de comércio no país, levando a uma recessão. “A depreciação do rublo está alimentando a inflação, diminuindo ainda mais os padrões de vida para os população”, reforça.
Para o restante da Europa, o principal canal pelo qual haverá impacto será o de energia, junto com gargalos na cadeia produtiva. “Os governos europeus também podem enfrentar pressões fiscais de gastos adicionais em segurança energética e orçamentos de defesa”, pontua.
Ásia e Pacífico
Na região da Ásia e Pacífico, os efeitos também serão limitados, devido a poucas relações comerciais, embora a desaceleração da economia global deva prejudicar exportadores. “Para a China, os efeitos imediatos devem ser menores porque o estímulo fiscal dará suporte a meta de crescimento de 5,5% para o ano e a Rússia compra uma quantidade relativamente pequena de suas exportações”, destaca.