Aumento de 46% nos índices de roubo em 2021 força investimento em segurança privada
Petrópolis passa por uma onda de casos de violência que tem envolvido furtos, assaltos e perseguição a criminosos nesses primeiros cinco meses do ano. Somente em joalherias, foram cinco roubos em 2021 – o penúltimo, em maio, desencadeou um tiroteio à luz do dia no Centro Histórico, deixando uma adolescente ferida. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ), mostram que de janeiro a maio, houve um aumento de 46,4% no número total de roubos, comparado ao mesmo período do ano passado. Com receio de sofrer novos assaltos, empresário investe na contratação de segurança privada.
O empresário Patrick Bon Cesario ainda não recuperou os prejuízos que sofreu desde o ano passado com um roubo, um assalto e pequenos furtos em suas lojas de conserto e venda de celulares. Em setembro do ano passado, uma de suas lojas, que fica na Rua Paulino Afonso, sofreu uma tentativa de arrombamento. Neste ano, a mesma loja foi assaltada por dois criminosos a mão armada. Em maio, outra de suas lojas, que fica na Rua 16 de Março, foi roubada por um casal. O prejuízo em produtos chegou a R$ 18 mil.
“Em algumas lojas a gente tomou algumas precauções. Na loja da Paulino Afonso e na loja da 16 de Março a gente contratou segurança particular. Então hoje eu tenho segurança particular na porta das lojas onde fazem a proteção. São pessoas treinadas pra isso e eles ficam na porta para qualquer eventualidade e gera uma insegurança para o bandido”, explica Patrick.
Em outras lojas, o empresário investiu no treinamento dos funcionários para que melhorem a abordagem e aprendem a identificar perfis suspeitos. Ele explica que além dos roubos e furtos registrados, há os pequenos furtos que não chegam a delegacia. Além do prejuízo nos produtos, o investimento em segurança privada, lhe custa aproximadamene R$ 700 por semana em cada uma das lojas. “Gerou um custo muito maior, e eu não sei até quando vamos conseguir segurar isso. Mas é a forma como a gente esta tentando fazer para inibir e dificultar um pouco o roubo desses bandidos”, disse.
Roubos a transeuntes e estabelecimentos comerciais lideram o ranking
Dados do Instituto mostram em maio foram registrados 54 boletins de ocorrência de roubos a transeuntes. O número é 125% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando foram 24 ocorrências. Já os roubos a estabelecimentos comerciais no mês de maio, o número saltou de 10 registros no ano passado, para 20 neste ano. O total de roubos nesses cinco meses foi de 101 registros em 2021 e 69 registros no mesmo período do ano passado, um aumento de 46,4%.
O total de registros de furtos entre janeiro e maio teve um aumento de 6,7%, foram 560 boletins de ocorrência neste ano e em 2020, foram 525. Já em relação ao último mês, a variação foi ainda maior. Em maio houve 66,7% de furtos a mais do que em maio do ano passado – foram 115 neste ano e 69 em 2020.
Conselho Comunitário fará reunião presencial para melhorar diálogo com as forças de segurança
Nesta quarta-feira (22), mais uma joalheria foi assaltada no Centro, desta vez na Vila Catarina, na Rua Paulo Barbosa. O criminoso, que estava armado, levou pulseiras, anéis e cordões de ouro. No mês passado, um assalto a uma joalheria na Rua Dr. Porciúncula desencadeou em um tiroteio à luz do dia. Uma adolescente que estava na fila do ônibus no Terminal Rodoviário do Centro foi baleada.
O presidente do Conselho Comunitário de Segurança, Guilherme Lacombe disse que o Conselho está atento a esse e a outros casos frequentes de criminalidade que vem acontecendo na cidade. O Conselho se reúne uma vez por mês para debater pautas sobre segurança pública no município, e segundo Guilherme, a próxima reunião, na semana que vem, será presencial para incentivar o diálogo da comunidade com as forças de segurança.
“Vemos com atenção e temos monitorado a segurança pública. A próxima reunião deve ser presencial como uma forma de haver melhor comunicação com as forças de segurança. Para sabermos que ações estão sendo tomadas para tranquilizar a comunidade”, disse Guilherme.
Em 2018 foi inaugurada uma Cabine da Polícia Militar na esquina da Rua Irmãos D’Ângelo com a Rua 16 de Março. O projeto foi todo financiado por iniciativa da sociedade civil organizada. E tinha o objetivo de servir de apoio aos militares do 26º BPM, e proporcionar maior sensação de segurança no Centro Histórico, após alguns episódios de assalto a lojas na Rua 16 de Março.
A cabine vem sendo objeto de polêmica por causa da sua utilização. O presidente do Conselho disse que o ideal para um melhor funcionamento da cabine era que a Polícia Militar tivesse mais efetivo no município. “O ideal é que tivesse mais efetivo, do jeito que está, com efetivo reduzido, há um entendimento de que é melhor que eles [os militares] fiquem circulando”, disse.
O Comando da Polícia Militar, informou à Tribuna, por meio da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar que em relação as cabines, há uma escala de efetivo que compreende o policiamento baseado no local, assim como patrulhamento realizado em viaturas.
Polícia Militar afirma que emprega policiamento no Centro e realiza ações pontuais diariamente
O Comando da Polícia Militar do 26º BPM, informou à Tribuna, por meio da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar que emprega seu efetivo no policiamento em viaturas, motocicletas e a pé diuturnamente distribuídos estrategicamente de acordo com a análise da mancha criminal da região. E ressaltou que operações pontuais são realizadas rotineiramente com o objetivo de reprimir ações criminosas na área de atuação do batalhão.
Em relação aos frequentes roubos a joalherias, o Comando disse que “os roubos a joalherias estão sendo investigados. Um criminoso já foi identificado e está com mandado de prisão em aberto”.
A Polícia Militar ressalta que é de suma importância que a população colabore realizando denúncias através do Disque-Denúncia 2253-1177 ou, para casos urgentes, através de nossa Central 190. Os registros em delegacias também são essenciais, pois colaboram com a revisão do planejamento operacional na área onde a mancha criminal é mais acentuada.
Crimes de violência também tiveram aumento em 2021
Além de crimes de prejuízo material, crimes de violência tem assustado a população. Em fevereiro, o caso da advogada Patrícia Sá Fortes que foi brutalmente assassinada após sofrer um assalto em sua residência, em Itaipava, chocou os petropolitanos. O acusado foi preso e condenado a 45 anos de prisão por latrocínio e ocultação de cadáver.
De janeiro a maio, foram registrados 12 homicídios, pouco mais da metade do registrado em todo o ano de 2020 – quando foram 22 registros. Em maio deste ano, foram registrados dois homicídios.
O crime de lesão corporal aumentou em 142,1% no último mês – foram 92 registros, enquanto em maio do ano passado foram 38. Já em relação ao comparativo com os cinco meses do ano passado, o número de registros de lesão corporal reduziu em 5,7%. Foram 462 neste ano, e 490 em 2020.
Já o crime de estupro teve 50 registros de janeiro a maio, enquanto no mesmo período do ano passado foram 34. No último mês foram 12 registros, e em maio de 2020, foram 7.
O crime de estelionato aumentou em 161,5% no último mês, foram 68 registros enquanto em maio do ano passado foram 26. No comparativo do total do ano, foram 336 registros e no ano passado, 179, o que representa um aumento de 87,7%.
O crime de ameaça teve um aumento de 18,5% – foram 500 registros neste ano e 422 no mesmo período do ano passado. Em relação ao último mês, foram 88 registros e 33 em maio de 2020, uma variação de 166,7%.
Os dados do ISP-RJ são levantados com base na lavratura dos registros de ocorrências nas duas delegacias de Polícia Civil em Petrópolis – 105ª DP e 106ª DP.