Audiência Especial é realizada para debater falta de fornecimento de energia elétrica em Petrópolis
Na tarde desta quinta-feira (23), foi realizada uma audiência especial na 4ª Vara Cível de Petrópolis, para debater as questões relacionadas à falta de fornecimento de energia elétrica na cidade, com foco no que ocorreu a partir da chuva do último sábado (18), onde diversos bairros foram afetados, deixando milhares de pessoas sem eletricidade em suas residências.
Estiveram presentes, na ocasião, representantes do Ministério Público, da Enel, Águas do Imperador, Defesa Civil, Comdep, Prefeitura, Defensoria Pública, Progen e sociedade civil.
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Em toda a audiência, comandada pelo juiz Jorge Luiz Martins Alves, as partes tiveram oportunidade de falar sobre a situação e esclarecer a causa e os efeitos dos ventos e chuvas do último fim de semana.
Segundo a Enel, durante a reunião, 300 residências que informaram falta de energia elétrica entre os dias 19 e 20, seguem sem eletricidade, com equipes trabalhando para o restabelecimento.
O prefeito Rubens Bomtempo citou a necessidade da concessionária de energia montar um plano de contingência conectado ao Governo Municipal para diminuir os problemas causados por falta de energia em eventos climáticos. Além disso, pediu mais autonomia para as equipes que atuam diretamente nos locais afetados e maior quantitativo de materiais disponíveis no território.
O Procurador Geral do Município, Miguel Barreto, afirmou que as ações de religação de energia aumentam consideravelmente com chuvas e ventos, e que o problema foi recorrente em 2022 e 2023. Ele pediu multa por unidade, comprovado o descumprimento da liminar que estabelecia o período em que a empresa deveria realizar as religações elétricas.
Cristina Rosário de Oliveira, coordenadora do Núcleo Comunitário de Defesa Civil do Vale do Cuiabá, afirmou que a energia na comunidade acabou por volta de 19h30, deixando todos sem comunicação, o que foi prejudicial, já que no bairro, o monitoramento é feito com as pessoas da comunidade de cima avisando se há risco de inundação. A coordenadora afirmou que diversas pessoas perderam alimentos e medicamentos foram perdidos por pessoas que não têm condições financeiras de repor a perda.
Hélito Fráguas, liderança comunitária do Quissamã, contou que o bairro ficou sem energia por 19 horas, por conta do rompimento de uma linha de alta tensão. Segundo Hélito, uma solução poderia ter ocorrido rapidamente para garantir o restabelecimento, mas a equipe que estava no local disse que não poderia fazer o serviço enquanto não houvesse uma ordem superior.
Também presente no encontro, o Diretor-presidente da Comdep, Léo França disse que a companhia é responsável pela poda de árvores que não encostam na rede e pela limpeza do lixo verde quando a Enel realiza a poda em galhos que encostam na fiação elétrica. França apontou que todas as vias obstruídas na cidade foram liberadas em 72 horas e seriam liberadas mais rapidamente, caso não existisse o risco elétrico.
Representando a Defensoria Pública, Luiza Maciel pediu o ingresso na ação, considerando que os eventos climáticos atingem especialmente as camadas mais pobres da população, justamente as que são assistidas pelo órgão.
Representantes da Enel afirmaram que plano contingencial estava preparado para o fim de semana
Em nome da Enel, Rodrigo Almeida, gerente operacional na Região Serrana e Rafael Rohling, seu antecessor no cargo, explicaram a situação do ponto de vista da companhia. Foi pontuado que um plano contingencial estava preparado para o fim de semana, já que a empresa tinha ciência da previsão do tempo, através de uma empresa especializada. Com isso, 70% a mais de equipes estavam mobilizadas para o sábado. Com todo o ocorrido, o número chegou a 300% na quarta-feira (22).
Ainda foi dito que houve um pico de 71 equipes trabalhando em Petrópolis e que a necessidade de ordens superiores é para a segurança dos operadores e de terceiros. Com relação às podas, os representantes afirmaram que a empresa possui um plano anual, mas o que foi visto no evento climático foge ao planejado, com quedas de grandes galhos e árvores inteiras.
A Progen, empresa terceirizada pela Enel, teve Thiago Carvalho representando-a na audiência. Thiago ressaltou que todos os 296 funcionários operacionais são capacitados para realizarem os serviços com segurança e qualidade.
Águas do Imperador justificou que falta de luz gerou interrupção no abastecimento de água
Pela Águas do Imperador, o diretor João Henrique de Sá afirmou que quatro estações de tratamento de água tiveram os serviços interrompidos por conta da falta de energia. Ele também esclareceu que o retorno da energia não implica no pronto abastecimento da região afetada, por conta do relevo “acidentado” de Petrópolis, com o abastecimento começando de baixo para cima.
A decisão do juízo a respeito da audiência e dos pedidos do Ministério Público ainda será publicada.