• Audácia ou falta de educação?

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  • 23/01/2018 12:30

    Não é de hoje que os mestres vêm se defrontando com dificuldades no sentido de ministrar suas aulas e, principalmente, impor a necessária disciplina aos discípulos, eis que muitos, de forma lastimável por não haverem recebido no seio da família a educação básica, tarefa que aos pais deveria ficar reservada, complementada pela escola, não por obrigação dos mestres, mas com o fito de reforçar o que pelos pais já fora plantado, todavia, sem que bons frutos houvessem produzido.

    A tal propósito passo a descrever um episódio típico ocorrido em uma escola localizada, diga-se de passagem, em município situado num estado da federação dos mais adiantados e o fato se deu com absoluta surpresa e, sobretudo, tristeza por parte do professor, “vítima da brincadeira”, ou melhor dizendo, da total falta de respeito com relação ao autor ou autores da façanha.

    Relatou-me que ao adentrar à sala de aulas, dirigiu-se aos alunos e educadamente desejando a todos um bom dia, gesto que sempre faz adotar com referência não só aos alunos daquela turma, como das demais onde ministra ensinamentos.

    Entretanto, ao se dirigir à sua mesa de trabalho foi colhido, desapontado, com um feixe de capim colocado sobre a mesma, fato que o chocou profundamente.

    Relatou-me o dedicado mestre, figura respeitável, já detentor de bastante cabelos brancos, que num primeiro momento pensou responder o mal feito de forma rude, ou seja, chamando a atenção de modo ríspido e severo aos autores da “brincadeira sem graça” e sobretudo, extremamente desrespeitosa e grosseira, absolutamente incabível para qualquer situação, quiçá dentro de uma sala de aulas.

    Disse-me, entretanto, que decidiu contar até dez antes de adotar qualquer atitude. Foi aí, então, que precavida e sarcasticamente lhe veio à mente a forma de como “revidar” o desrespeito, dirigindo-se à turma de um modo geral, já que desconhecia quem fora o autor da “proeza”, acabando por dizer: “vou me retirar do recinto e retorno logo após o autor ou autores desta iniciativa venham tranquilamente terminar o lanche que me foi oferecido”.

    E assim foi feito e de volta à sala de aulas, felizmente recebeu pedidos de desculpas da totalidade dos alunos, a exceção de um que dirigiu-se ao mestre alegando ter que se retirar por não estar se sentido bem.

    É claro que a solicitação foi atendida e depois de apurações levadas a efeito pela direção da escola, o idealizador da proesa acabou por receber uma exemplar reprimenda.

    Não fiquei sabendo, entretanto, se a mesma lhe serviu de lição até porque não mais estive com o professor desrespeitado, contudo pude concluir pela atitude do infrator que ele se enquadra, como uma luva, na trova do poeta: 

    “Quem só promove bravata, / ferindo sempre a razão, /com isso apenas retrata /a sua má formação”.

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