• Com recorde de mortes confirmadas e alto risco de contágio, comércio não essencial pode voltar na sexta

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  • 07/04/2021 15:10
    Por Victor Carneiro

    Na terça-feira em que o país atingiu mais de 4 mil mortes decorrentes da Covid-19 (foram 4.211 óbitos), maior número em apenas um dia, Petrópolis
    também atingiu uma triste marca: 40 óbitos registrados nas últimas 48 horas – números que, apesar de represados, apontam para maior velocidade e agressividade do vírus. Foi dessa forma que a cidade chegou a 740 óbitos desde o início da pandemia. Em meio a este cenário, a previsão é de retorno às atividades econômicas não essenciais para a sexta-feira (9).

    Os trágicos números corroboram com o que especialistas previam: aumento do número de casos e óbitos nos meses de março e abril. Como tentativa de diminuir a circulação de pessoas nas ruas, o Governo do Estado criou um “superferiado”, que teve a duração de dez dias. No texto ficava determinada a autonomia que os municípios teriam para decretar medidas de isolamento.

    Em Petrópolis, o decreto publicado pelo governo interino, no dia 25 de março, “ampliava” as medidas restritivas em ação para o enfrentamento à Covid. Mas, na prática, não funcionou: pessoas de fora continuavam tendo acesso à cidade com apresentação de voucher comprovando reserva em hoteis da cidade ou em lojas dos polos de compras; o funcionamento de bares, restaurantes, lanchonetes estava permitido, respeitando a limitação em 50% da capacidade; as atividades não essenciais como polos comerciais, o comércio de rua, salões de beleza e tantas outras seguiam abertas.

    Naquele momento, a cidade tinha ocupação de leitos de UTI em 87,38%, 320 pessoas internadas e 653 óbitos. Diante da pouca efetividade das medidas e da grande circulação de pessoas pelas ruas da cidade, a Prefeitura publicou novo decreto no dia 29 de março. Desta vez, o texto determinava o fechamento das atividades não essenciais.

    Na data, a cidade registrava aumento da ocupação de leitos de UTI com 93,75%; sendo 334 pacientes internados. No domingo, dia 4 de abril, último dia do “superferiado”, Petrópolis via a ocupação de leitos de UTI da rede municipal de saúde beirar os 100% de ocupação (97,54%) e o número de pessoas internadas aumentar ainda mais: já eram 368. A cidade chegava aos 700 óbitos.

    Diante da situação caótica do sistema de saúde, o governo interino prorrogou por mais três dias o fechamento do comércio não essencial. O texto é válido até esta quinta-feira (8), e a partir de sexta, dia 09, o comércio em geral e restaurantes poderão voltar a funcionar. Três dias após Petrópolis registrar 27 óbitos em apenas um dia.

    Fiocruz alerta: crise sanitária pode se prolongar

    Nessa terça-feira (6), a Fundação Oswaldo Cruz publicou um novo Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19. O documento alerta que a pandemia pode permanecer em níveis críticos ao longo do mês de abril, prolongando a crise sanitária e o colapso nos serviços e sistemas de saúde nos estados e capitais brasileiras. A análise mostra que o vírus da Sars-CoV-2 e suas variantes permanecem em circulação intensa em todo o país e que a sobrecarga dos hospitais, levando em conta a taxa de ocupação de leitos de UTI, também se mantém alta.

    “Ao longo da última Semana Epidemiológica 13, houve uma aceleração da transmissão de Covid-19 no Brasil. Devido ao acúmulo de casos, diversos deles graves, advindos da exposição ao vírus ainda no mês de março, o vírus permanece em circulação intensa em todo o país”, explicam os pesquisadores.

    Com base neste cenário, os pesquisadores do Observatório, responsáveis pelo estudo, defendem que é fundamental, neste momento, a adoção ou a continuidade de medidas que possam controlar o aumento do número de casos. Dentre as “medidas urgentes” citadas no estudo, está o lockdown. O documento destaca, ainda, que para as medidas terem o resultado esperado e desejado, o lockdown precisa ter, no mínimo, 14 dias de duração e, em algumas situações, mais tempo, “dependendo da amplitude do rigor da aplicação”

    Nessa terça-feira, a Tribuna havia questionado a Prefeitura se as medidas determinadas no decreto serão revistas, tendo em vista o alto índice de mortes e internações por Covid-19. O município respondeu que “segue monitorando os dados que compõem a matriz de risco e os números de atendimento nos pontos de apoio”.

    Comsaúde já havia recomendado lockdown

    Vale destacar que em reunião ordinária realizada no último dia 23 de março (antes do superferiado), o Conselho Municipal de Saúde já havia recomendado ao município que fosse decretado lockdown de 10 dias no superferiado. Na ocasião, dezesseis conselheiros votaram a favor da aplicação de medidas mais rígidas de isolamento, diante do cenário que a cidade enfrentava naquele momento.

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