Até os galos…!
A humanidade vem atravessando um momento assáz complicado. Os costumes a se vulgarizarem, em consequência as pessoas em determinadas circunstâncias ao invés de caminharem em busca do diálogo, do salutar entendimento, da maneira pacífica e harmoniosa de agirem, ao contrário, valem-se da impulsividade e da forma grotesca com relação a seus próximos, julgando, naturalmente, que aqueles que estão a ouvi-las, hão que tolerá-las através de atitudes descontroladas, seres estressados – simplesmente infelizes.
Via de regra assim ocorre, lamentavelmente; todavia, o que ainda nos conforta e proporciona alegria, é que a grande maioria daquelas com quem convivemos, constituem-se como exemplos de fina educação e de gestos sem par, pessoas realmente felizes. Aliás, como deixei patente em recente crônica publicada neste jornal, aprendi com o poeta que “a força bruta e a bravata/ não se escudam na razão,/ são argumentos de quem/ não tem qualquer formação”.
É verdade, por outro lado, que o lapso de tempo já vivido difere profundamente do passado que vai longe e as mudanças que se operaram junto à humanidade durante esse extenso período, talvez possam justificar tais comportamentos. Descrevê-los, no dia a dia, não tão difícil vez que se dão em diversos setores como por exemplo: no trânsito, onde ocorrem os fatos mais singulares e brutalizados, até complicados para serem descritos.
Na via pública, não muito diferente, em razão da má conservação das calçadas, o palco é idêntico e ai daquele que mesmo sem desejar venha esbarrar em determinados seres exaltados, eis que estará de pronto formado um bom motivo para inicio de inerte discussão.
Nos Bancos, a situação também tem caráter similar vez que assisti, há pouco tempo, um cliente, admito eu, sem qualquer razão, a “espinafrar” o pacífico bancário que o atendia. No transporte coletivo, ao que tudo leva a crer, uma vez que todos estão apressados, especialmente os motoristas que são obrigados a observar horários e itinerários, em razão de constantes congestionamentos que ocorrem na cidade, acabei tomando conhecimento por intermédio de uma querida pessoa que conosco trabalha, que dias atrás, ao tentar ingressar no coletivo, foi empurrada porta afora e ainda escutando uma série de impropérios da mal educada que lhe disse: “sua fura fila…!”.
Percebo, portanto, com tristeza, que a irritação por parte das pessoas vem se assenhorando quanto ao modo de agir das mesmas; enfim, tudo motivo para discussões, a educação e a razão, infelizmente, esquecidas. Por todo o exposto, partindo-se da falta de diálogo e da educação entre os homens e o estresse a tomar conta de muitos, desconfio que até os galos que cantavam às cinco da matina, em face do que agora venho percebendo, já começam a fazê-lo às duas, quem sabe, sinal de que também já estejam estressados.