• Astor Piazzolla: 100 anos do músico que revolucionou o tango

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  • 11/03/2021 17:00
    Por Redação / Estadão

    Nome ligado ao tango, mas que também transitou por outras vertentes, Astor Piazzolla nascia há cem anos em Mar del Plata, na Argentina. Sua ligação com a música começa ainda na infância ao ganhar do pai, em 1929, seu primeiro bandoneón. O instrumento passou a fazer parte de sua vida e não tem como separar um do outro.

    Piazzolla é reconhecido mundialmente por ter promovido uma revolução no tango argentino, fato pelo qual resultou em críticas dos tradicionalistas do ritmo, que questionavam a nova forma que impunha às composições. Transitou entre a música popular e a erudita, deixando para o mundo obras como a ópera-tango Maria de Buenos Aires e Balada para Un Loco, com versos de Horacio Ferrer. Entre os tangos mais conhecidos e tocados de seu cancioneiro, certamente Adiós, Nonino é uma marca que o bandoneonista deixou para o mundo. Piazzolla compôs a música em homenagem a seu pai.

    A forma como revolucionou o tango, imprimindo ao ritmo tradicional argentino toques de jazz, permitiu improvisos e, assim, subvertendo o que era intocável. Essa mistura vem de sua conexão com músicos de várias origens e, como ele, fundamentais em suas trajetórias. Entre os nomes dessa lista, encontra-se o da diretora de orquestra francesa Nadia Boulanger, com quem estudou harmonia e lhe forneceu elementos complementares que marcariam sua trajetória musical. Sua imersão no tango argentino se daria ao voltar ao seu país. Foi o trabalho com o compositor e diretor Anibal Troillo.

    Chegou a ter contato com Carlos Gardel, no período em que morava em Nova York com a família. Como falava bem o inglês, tornou-se um guia para o cantor argentino. Essa proximidade permitiu que o jovem músico mostrasse seu desempenho no acordeon para Gardel. Em dado momento, ouviu do conterrâneo o seguinte. “Pibe, vos tocas el bandoneón como um gallego!” (“Guri, você toca o bandoneón como um galego”), brincou Gardel. Mas o talento de Piazzolla fez com que Gardel o convidasse a integrar sua comitiva em turnê por alguns países. Como era ainda muito jovem, o pai, Vicente, não permitiu que partisse deixando a escola de lado. Quase no final dessas viagens, Gardel e o grupo que o acompanhava morreram em um acidente de avião.

    Para conhecer Astor Piazzolla, em seu centenário, vale ouvir algumas de suas canções. Além de Adiós, Nonino, tem Reunión Cumbre, com o jazzista Gerry Mulligan, Balada para un Loco (1968), sobre versos de Horacio Ferrer, Oblivion, Libertango, Cuatro Estaciones Porteñas. Claro, há muito mais a ser apreciado.

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