• Associação emite carta de repúdio sobre informações disponibilizadas no Centro Cultural Estação de Nogueira

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  • 04/jul 15:11
    Por Maria Julia Souza

    A Associação Fluminense de Preservação Ferroviária (AFPF) emitiu, nesta terça-feira (02), uma carta de repúdio sobre as informações disponibilizadas no Centro Cultural Estação de Nogueira, referentes à história da antiga estação ferroviária da localidade. De acordo com a Associação, os dados disponíveis através de um QR Code estão incorretos.

    Segundo o documento, um adesivo QR Code disponibilizado no espaço informa que “a Estação de Nogueira foi inaugurada em 1898 como parte da Estrada de Ferro Teresópolis, uma linha férrea que conectava a cidade do Rio de Janeiro a Teresópolis, passando por Petrópolis.”

    No entanto, de acordo com a entidade, a estação foi inaugurada em 1908, para atender aos interesses de Domingos de Souza Nogueira, antigo proprietário da Fazenda Nogueira, onde hoje está localizado o bairro de mesmo nome.

    É uma barbaridade sem precedentes afirmar que Petrópolis se ligou a Teresópolis através da estrada de ferro do mesmo nome. Na realidade, os trens da E. F. [Estação Ferroviária] Therezópolis – EFT atravessavam os municípios de Magé e Guapimirim, utilizando o mesmo sistema de cremalheira que era usado na Serra da Estrela (entre Magé e Petrópolis) para se chegar à Cidade Imperial. A EFT foi inaugurada em 1908 e erradicada em 1957. A linha férrea que passava por Nogueira pertencia a E. F. Leopoldina, sendo erradicada em 1964“, destaca o documento.

    Outro trecho questionado pela Associação é referente a arquitetura do Centro Cultural: “O Centro Cultural Estação de Nogueira possui uma arquitetura típica das estações de trem do final do século XIX e início do século XX, com características marcantes como sua estrutura em madeira, telhado de duas águas e plataforma lateral. Esses elementos evocam o charme e a atmosfera da época áurea das ferrovias brasileiras.”

    De acordo com a AFPF, a estação foi inaugurada no começo do século XX (1908), e a sua estrutura não seria de madeira, mas sim de tijolos, sendo apenas as portas, janelas e telhados de madeira Pinho de Riga. 

    A Associação ressalta ainda que a locomotiva manobreira à vapor, que está em exposição em frente ao Centro Cultural de Nogueira e que pertenceu à Cia. Petropolitana de Tecidos, movimentando cargas entre a fábrica e a Estação Ferroviária do Cascatinha, foi “salva” do sucateamento pela própria AFPF.

    “Ora se encontra, infelizmente, em completo estado de abandono, servindo como depósito de lixo e de abrigo para sem-teto”, enfatiza um trecho da carta.

    A entidade reforça que seu objetivo é preservar bens ferroviários e a memória ferroviária. E, por isso, tem dado mais atenção à Cidade Imperial, pelo fato da 1ª Ferrovia do Brasil ter o nome de Estrada de Ferro de Petrópolis. A Associação pede ainda, que os petropolitanos acessem os QR Codes disponibilizados nos demais pontos turísticos da cidade, para identificar possíveis erros “que possam distorcer fatos históricos e comprometer a imagem da cidade.”

    Empresa responsável é de Santa Catarina

    Um dos trechos do documento lembra que a empresa responsável pelo trabalho realizado no Centro Cultural de Nogueira é de Florianópolis, Santa Catarina. Os serviços teriam sido realizados pela Smart Tour Tecnologia Brasil Ltda, por R$ 270.000,00.

    Os serviços executados seriam: tecnologia beacons, incluindo o fornecimento dos aparelhos com hardware de operação integrado; e placas de sinalização e adesivos para acesso a pesquisas que identificam o perfil do turista, sendo esta, para a implementação do sistema smart tour nos atrativos turísticos de Petrópolis. 

    O que diz a Prefeitura

    Em nota, a Secretaria de Turismo informou que tomou conhecimento da falha, nesta terça-feira (02), e “está providenciando a correção junto ao Smart Tour, que é um sistema tecnológico de última geração, e permite alterações e inserções que se fizerem necessárias durante o processo de implementação.”

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