• As promessas de início de ano

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  • 06/01/2019 07:00

    Já virou rotina ouvir, a cada início de ano, as promessas de mudança de vida: o parar de fumar, o parar de beber, o começar a fazer regime para emagrecer, o retorno aos estudos. Em suma, surgem propostas de mudanças de comportamento que não se concretizam ao longo do ano. Mas, a cada ano que se inicia, deparamos com essas tentativas.

    Outro fato que também não é mais novidade consiste nas buscas de superstições, simpatias, crendices para atrair a “sorte”. Apelam para búzios, cartas, tarôs, numerologia com o intuito de decifrar o porvir. Esses interesses por previsões são movidos mais pelas inseguranças do que pelas esperanças. Por isso que os gurus das antevisões são assediados para que façam revelações para o “ano novo”.

     É crime explorar a fé do outro. Até os que se dizem ateus podem ser vítimas das enganações. Precisamos estar atentos para que, em momentos de fragilidade, não cairmos nas garras do charlatanismo. Quem explora a boa-fé dos outros, pode estar certo, um dia terá um retorno drástico, porque um dia a verdade aflora e a justiça prevalece. Não nascemos para vivermos subjugados à maldade.

    Acredito que nada está predeterminado. Nada está escrito nas estrelas. Acredito que o destino possa ser mudado em função das nossas atitudes. O ser humano é portador de uma característica que até Deus respeita: o livre arbítrio. 

    O homem é quem escolhe o caminho a seguir. A culpa é nossa. Não acredito que os astros sejam capazes de definir o bem ou o mal da nossa travessia por este Mundo. Acredito nas prevenções, nos calos das mãos, na construção do futuro pelos homens de boa vontade.

      É importante acreditar em si, ter orgulho de criar, com as próprias mãos, o amanhã. Ter discernimento para escolher o caminho do Bem. O que se deseja pode ser construído com trabalho. Almejar a um futuro melhor é direito de todos. Unir forças para alcançá-lo depende da forma como se encara a vida. 

     Viver não é acumular bens, mas servir ao Bem. Nessa proposta, o desprendimento, a simplicidade ganham mais importância. Entre os homens, considero o amor como a escala e a escada do Bem. À medida que se ama sem interesses é que se caminha para uma vida em plenitude.

    Amar, a cada dia, o que o dia oferece. Essa é uma forma de transformar “energia negativa” em “energia positiva”. Não é necessário se preocupar com o porvir, o presente pode mudá-lo. O que se faz hoje se torna alicerce do amanhã.

    Viver não é produzir como máquina. A vida não é empreendimento. A felicidade que tanto se deseja não está à venda em shopping center. Quem vive em função do vil metal tem mais chance de conhecer o preço da infelicidade. 

    A realidade é mantida por uma relação lógica entre causa e consequência: – como quem planta o mal pode colher o bem? Como quem não ama deseja ser amado? 

    Concordo com o que afirmou Drummond no poema “Receita de ano novo”: 

    “Não precisa/ fazer lista de boas intenções/ para arquivá-las na gaveta./ Não precisa chorar arrependido/ pelas besteiras consumidas/ nem parvamente acreditar/ que por decreto de esperança/ a partir de janeiro as coisas mudem/e seja tudo claridade, recompensa,/ justiça entre os homens e as nações,/ liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,/ direitos respeitados, começando/ pelo direito augusto de viver. 

    Para ganhar um Ano Novo/ que mereça este nome,/ você, meu caro, tem de merecê-lo,/ tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,/ mas tente, experimente, consciente./ É dentro de você que o Ano Novo/ cochila e espera desde sempre”.


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