As mudanças
Estamos a três meses das próximas eleições. E agora, depois Copa, as peças do tabuleiro de xadrez político começam a se mexer com a esperada rapidez. Disto podemos esperar diferenças ímpares se compararmos este futuro pleito com as eleições anteriores, senão vejamos: podemos esperar um percentual de votos, brancos e nulos, bem como abstenções, em números bastante superiores aos que até aqui tivemos nas eleições passadas.
Tivemos, recentemente, um exemplo disto, em uma eleição suplementar em nossa vizinha Teresópolis, onde aconteceram 34,52% de abstenções, 17,78% de nulos e 4,3% de votos brancos. Notem que, o somatório destes, perfaz incríveis 56,60% da totalidade do colégio eleitoral. E aqui podemos começar a questionar a representatividade do vencedor.
A baixa popularidade, associada ao descrédito na classe política, de uma forma generalizada, se refletem nestes números acima, onde se vê uma taxa de rejeição muito forte e grande, mesmo em candidatos que se situaram à frente; e a isto, atribuímos uma dose profunda de mau humor e descontentamento do eleitorado.
Outrossim, em outubro, teremos finalizada uma campanha sem o financiamento de empresas, o que aumenta o poder de barganha dos grandes partidos proprietários da parte do leão, do fundo eleitoral e do fundo partidário. Nomes com mandato com vantagens infinitamente superiores aos nomes novos, levando à repetição das mesmas forças que a sociedade gostaria de mudar.
Teremos ainda uma minicláusula de barreira: os partidos precisam ter 1,5% dos votos nacionais destinados aos deputados federais, distribuídos em pelo menos 1/3 dos estados. Partidos que não obtiverem este percentual não terão acesso aos fundos (partidário e eleitoral) e ao horário de campanha gratuita.
Temos hoje um universo de 35 partidos (28 com representantes no Congresso) e 73 partidos tentando registro definitivo no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) um número que qualquer bom senso sabe, ser impossível de existir para que haja governabilidade, mesmo em um presidencialismo de coalizão. O aumento do percentual mínimo de votos da cláusula de barreira subirá para 3% somente em 2030.
O grande desafio será conseguir motivar a população para as eleições, tentando combater o esperado número de abstenções, brancos e nulos; associado a isto, os balcões de negócios, como sempre, já estão montados. Mas sabem eles que desta vez não será mais tão fácil: a população está mais atenta e as redes sociais estão a desempenhar um papel importante.
Em pouco tempo, saberemos melhor sobre como as coisas se comportam, e quem está conseguindo vencer a rejeição e como se comporta o eleitorado, em face das velhas e manjadas raposas políticas.