As mudanças
No momento em que escrevo este artigo, toda a imprensa está voltada para o depoimento de Lula a Sérgio Moro: cobrem desde as manifestações daqueles que foram a Curitiba convocados pelo MST à chegada de Lula e Dilma a Curitiba, escoltados por uma trupe de deputados e senadores petistas, como se isto fosse o mais importante para o País neste momento. O fato tem sua importância sim, mas não a ponto de monopolizar a totalidade da mídia; trata-se de um ex-presidente que dará sua versão em um processo criminal; mas esquecem que o País não para por conta disto e que estão tramitando no Congresso três assuntos da mais alta relevância, que vão mudar a vida dos brasileiros: as reformas trabalhista, previdenciária e política.
Com relação à reforma trabalhista, penso que esta já são favas contadas a favor do texto aprovado: é só uma mera questão de tempo e burocracia interna para a validação da mesma por votações finais. Quanto às outras duas, a previdenciária e a política, nestas sim, nada ainda é possível de se prever com relação às mudanças que ainda sofrerão seu texto final.
O governo não está se saindo bem em seu papel de defender a reforma previdenciária; ela é necessária sim, pois precisamos equalizar a idade de aposentadoria com uma maior expectativa de vida. Mas as explicações oficiais não convencem uma esmagadora maioria da população; a somar-se a isto, estão a permitir concessões, flexibilizações e mudanças de regras para certas categorias (temos como exemplo, o judiciário, a politica, a policial e outras) diferentes de todo o restante da população, benesses não palatáveis às pessoas que irão se utilizar das novas regras para se aposentarem (caso a reforma passe da forma como quer o Governo).
Não faço críticas, tampouco oposição, a reforma previdenciária é de absoluta necessidade. Por outro lado, o relaxamento das regras, por conta do corporativismo de algumas categorias para que ela possa vir a existir, é o ponto de que discordo frontalmente; não há precedentes no mundo: todos os Países possuem regras igualitárias sem distinções: as regras se aplicam a todos, o critério da idade mínima se aplica a todos e apenas em alguns Países, mulheres se aposentam com uma idade menor do que os homens, o que é justo.
Com relação à reforma política, nos bastidores está sendo tramado um texto que possa vir a blindar os atuais ocupantes de cadeiras no congresso, facilitando as reeleições dos mesmos, por meio do chamado voto em lista, onde os partidos posicionam os candidatos em uma lista, dando preferência às primeiras posições na listagem aos que já possuem mandato eletivo. Os eleitores não votariam mais em candidatos e sim no partido. Trata-se de um grande "golpe" que querem produzir, por conta do estrago causado pelas investigações da operação lava a jato na reputação de vários. Isto sim é bastante preocupante, pois se assim for, teremos mais do mesmo.
Vivemos um grande momento de transição, de profundas transformações. A absorção do que estamos prestes a ter, será gradual, paulatina e ainda leva à insegurança e a muitas dúvidas. Isto é natural, pois o novo assusta, mas nem sempre o novo é ruim; à medida que nos habituemos ao novo, poderemos fazer uma crítica mais robusta sobre o que virá mudar para melhor ou não.