• As histórias de Nico Williams e Lamine Yamal, jovens líderes da Espanha no título da Eurocopa

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  • 14/jul 20:48
    Por Estadão

    De Lamine Yamal para Nico Williams. O gol que inicia a conquista da quarta Eurocopa da Espanha – vitória por 2 a 1 diante da Inglaterra – simboliza a miscigenação e resistência de filhos de imigrantes no país. O jogador mais jovem da história da Eurocopa e o artilheiro do País Basco, respectivamente, são pilares de um elenco jovem, em construção, e que carrega a seleção para se tornar a maior vencedora da história da competição.

    Um dia (e seis anos) separam os aniversários de Nico Williams e Yamal – 12 e 13 de julho, respectivamente. São dois jovens, talentosos, que jogam, se divertem, e dançam em campo. Na Eurocopa, eliminaram França (campeã do mundo em 2018), Alemanha (dona de casa), Croácia (vice-campeã mundial em 2018) e agora a Inglaterra, vice da Euro 2020.

    Uma idade combinada de 19,5 anos e que, na decisão, assumiram a responsabilidade de veteranos. Além do gol, depois de um passe achado por Yamal – líder de assistências na Euro, com quatro – no começo da segunda etapa, mostraram liderança em campo. À frente do placar, Yamal parava a bola, em diversos momentos, e pedia para a Espanha ter calma; Williams, de fora da área, arriscava para ampliar a vantagem no marcador.

    Yamal foi eleito o melhor jogador jovem do torneio. Superou o recorde de Pelé, de 1958, como o atleta mais jovem a disputar uma decisão de Mundial ou Eurocopa. Não só isso, durante a Euro, antes da partida nas oitavas de final contra a Geórgia, que havia sido aprovado no quarto ano do ensino secundário espanhol – equivalente ao terceiro ano do ensino médio no Brasil. Na decisão, a assistência para Williams, o tornou o atleta com mais assistências em uma edição de Eurocopa.

    Somados, a dupla tem participação direta em oito gols nesta edição da Eurocopa. A Espanha, com 15, é dona do melhor ataque da competição. Quando comemoraram seus aniversários, foram unânimes no desejo de presente: “vencer a Inglaterra no domingo”. Afinal, eles têm o próprio destino ao alcance das mãos – e dos pés.

    ORIGEM IMIGRANTE

    Marrocos, Guiné Equatorial e Gana. As famílias de Yamal e Williams encontraram na Espanha e na Europa uma maneira de reconstruir suas vidas. Williams, atacante do Athletic Bilbao, é irmão do também jogador Iñaki Williams; diferentemente do campeão europeu, ele optou por defender Gana.

    Os pais de Iñaki e Nico atravessaram o deserto do Saara e atravessaram a fronteira espanhola para construir uma nova vida no Velho Continente. Com o País Basco como sua casa, Nico escolheu a Espanha para defender, além do Athletic Bilbao – clube que só contrata jogadores que possuem ligação com o território que busca independência da Espanha. Nico Williams se junta a Oyarzabal como as referências do País Basco que deram o título à Espanha.

    Destinado a grandeza é o sinônimo para Yamal. O atacante do Barcelona tinha 16 anos quando se tornou o mais jovem a marcar em uma edição de Eurocopa. Mas em 2007, quando ainda era recém-nascido, foi “abençoado” e “benzido” por Lionel Messi, então promessa do Barcelona. À época, o argentino tinha apenas 20 anos e participava de uma campanha beneficente do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

    “É uma coincidência da vida ou uma benção”, brincou o marroquino Mounir Nasraoui, pai de Yamal. “Para mim, meu filho é o melhor. Em tudo. Não só no futebol, mas em amor, em pessoas, em tudo.” Amor pelas pessoas é um dos traços da personalidade Yamal: na vitória sobre a França, mostrou, com as mãos, o número “304”. Ele faz referência ao código postal do bairro de Rocafonda, na cidade de Mataró, onde Yamal e sua família viveram.

    O bairro é uma região habitada por famílias de imigrantes, principalmente africanos, vítimas de racismo e preconceito. Nasraoui, inclusive, já foi flagrado em uma briga com um simpatizante de um partido de extrema-direita.

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