• As chances de engravidar eram de 0%, mas a vida é cheia de surpresas

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  • 14/05/2017 07:00

    "Gêmeos que não nasceram juntos”. Foi assim que a analista de crédito Carla Bonsaver descreveu os dois filhos, Maria Eduarda Leite, de cinco anos, e Daniel Bonsaver Leite de sete anos. Apesar de parecer sem sentido para quem olha de fora, se encaixa perfeitamente quando visto de perto. Essa história de amor começou há cinco anos, quando a família de Carla saltou de dois para quatro integrantes em apenas um mês. Mas antes da satisfação de se tornar mãe o caminho percorrido por ela e também pelo marido foi marcado por muitos obstáculos, alguns bem dolorosos.

    O sonho da maternidade sempre esteve presente na vida da analista, mas foi aos 24 anos que ela e o comerciário Marcelo Leite, na época casados há três anos, decidiram que queriam ampliar a família. Após três anos tentando engravidar Carla sofreu um aborto espontâneo, ela não havia sequer descoberto a gestação. Além do trauma pela perda, a petropolitana precisou lidar com o diagnóstico médico; endometriose: doença que faz com que o endométrio, tecido que reveste o útero, cresça para fora do órgão, ocasionando em cólicas intensas, desconforto e, dificuldades para engravidar.

    O tratamento

    Após a descoberta da doença foi iniciada uma série de tratamentos. Durante oito anos foram ao menos seis cirurgias, uso de diferentes medicamentos, raspagem do útero e muita dor. Tudo isso com a intenção de conseguir engravidar. Todo o processo foi muito desgastante, fisicamente, emocionalmente e também para a relação do casal. “Fiquei muito abalada, afinal meu sonho sempre foi ser mãe. Mas o Marcelo foi maravilhoso comigo e muito compreensivo. Cheguei a ter que lutar contra depressão durante esse período, pois me sentia constantemente incompleta”, desabafou.

    As etapas intermináveis do tratamento que no caso de Carla de mostravam cada vez menos eficazes, resultaram em um grande sentimento de frustração e na necessidade da retirada de uma das trompas e ovários. Além disso, ela tinha lesões espalhadas por quase toda parede uterina. Diante do quadro médico o casal recebeu a tão temida notícia: eles não tinham mais chances de conceber um filho biológico, e por isso a alternativa para realizar o sonho de se tornarem pais seria através da adoção. 

    Adoção

    Mesmo diante da difícil realidade o casal se sentiu esperançoso e de imediato se cadastrou no cadastro nacional de adoção. “Queríamos ser pais!”, afirmou. Durante um ano ambos passaram por cursos e outros procedimentos obrigatórios até se tornarem “aptos” para adotar uma criança. Sem preferência de cor, idade ou sexo, em apenas um mês o tão esperado momento de se tornar pai e mãe se concretizou. Daniel, com um ano e dois meses estava a espera de uma família.

    “Paixão a primeira vista! Foi um sentimento enlouquecedor que aqueceu os nossos corações, e nos tornou pais assim que olhamos para o rostinho dele. Foi então que aquela sensação que eu tinha, de me sentir incompleta, brinco que parecia uma geladeira que não gela, desapareceu. A sensação é indescritível. O Daniel tinha que estar na minha vida!”, contou emocionada ao lembrar desse primeiro encontro. Mas toda essa emoção ainda estava longe de acabar!

    A surpresa

    Dois meses depois Carla descobriu que estava grávida de Maria Eduarda desde outubro, justamente o mês em que Daniel foi adotado. “Eu já não menstruava diante de tantas complicações decorrentes da endometriose. Sem contar que os médicos foram claros que eu não tinha a menor chance de engravidar, então não suspeitei de nada. Nem quando senti dores no útero, o que me levou de volta ao médico com a certeza de uma possível nova operação. Nunca vou esquecer que comecei a ultra já imaginando como ia fazer para cuidar do Daniel operada, e inesperadamente em vez de uma notícia ruim ouvi um coração bater, e o som vinha de dentro da minha barriga”, disse. 

    A incredulidade se transformou em um dos momentos mais importantes da vida de Carla, Marcelo e claro do pequeno Daniel, que há apenas dois meses havia ganhado pai, mãe e recebia então irmazinha. “Não sabia nem o que pensar! Ficamos irradiantes, mas também preocupados. Afinal os dois têm apenas 1 anos e 9 meses de diferença, e em um curto período de tempo passamos de nenhum para dois filhos pequenos. Sendo que o Daniel precisou de muitos cuidados de início. Apesar de ter 1 ano e 2 meses ele ainda não falava nem andava. Mas também em três meses já estava com a desenvoltura ideal de uma criança da idade dele”, lembrou. 

    Além disso, a gestação era de risco para a pequena Maria Eduarda. Isso porque a placenta de Carla tinha rupturas e possuía pouco liquido aminótico. Mas como nada na vida é por acaso o parto foi considerado perfeito. “Fiz cesariana mas não tive nenhuma complicação. Claro que durante a gestação fiquei apreensiva, afinal eu tinha que ter sempre muitos cuidados com o bebê na minha barriga e com o bebê que já estava nos meus braços”, contou dando risada visivelmente aliviada pelo belo trabalho que tem feito pelos filhos.

    Adaptação

    Assim que Maria Eduarda nasceu Daniel também sentiu vontade de mamar, e ficar no colo, assim como a irmã. Apesar de já ser maior Carla o amamentou, atento aos movimentos da pequena o irmão aprendeu rapidamente como fazia para sugar o leite materno. E apesar do cansaço e algumas dificuldades rotineiras, típicas de quem tem dois filhos pequenos, a família tirou tudo de letra. “O amor não tem igual. Damos sem desejar nada em troca, apenas nos doamos aos nossos filhos. Tudo mudou! A casa nunca mais ficou arrumada, a preocupação também nunca acaba, mas esse amor foi a melhor coisa que nos aconteceu. A gente só quer que eles sejam felizes”, afirmou emocionada. 

    Só os adultos se importam com as diferenças

    Apesar de não entender exatamente o que significa adoção, os pais de Daniel são sempre honestos em suas respostas quando ele tem dúvidas. “Contamos para ele que eu pedi para o Papai do Céu o filho mais lindo do mundo, e que como eu amo chocolate negro Deus me deu ele, com toda gostosura que existe. Mas o papai ficou com ciúmes e pediu uma menina, e então veio a Maria Eduarda. Por isso o Daniel é filho do coração, e a Maria Eduarda filha de barriga. Apesar da diferença de cor eles nunca deram importância para isso. Afinal, são os adultos que enxergam tantas distinções entre os seres. As crianças só veem amor e igualdade, claro, que quando ensinadas dessa forma. Muito mais do que a semelhança física, o que importa é a semelhança de caráter dos nossos filhos conosco. Isso sim mostra que estamos fazendo o nosso papel e ensinando o que de fato importa. Esse é o significado de ser mãe para mim! É isso que essa data tão especial, o Dia das Mães, representa para mim e toda a minha família”, concluiu. 

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