• ‘Aruanas’ volta ao Globoplay e nova temporada discute combustível fóssil

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  • 29/11/2021 08:30
    Por Daniel Silveira / Estadão

    Desde quinta-feira, 25, a série Aruanas está de volta ao Globoplay. Neste novo ciclo, as ambientalistas Natalie (Débora Falabella), Luiza (Leandra Leal), Verônica (Taís Araújo) e Clara (Thainá Duarte) vão enfrentar um problema que está ao redor de grande parte de nós: a poluição do ar e os riscos ambientais gerados pela queima de combustíveis fósseis. “Hoje, 95% das crianças respiram um ar poluído, 7 milhões de pessoas morrem por ano de causas indiretas ligadas à poluição do ar”, diz Estela Renner, criadora da série ao lado de Marcos Nisti, sobre as inspirações para a nova temporada.

    Aruanas continua algum tempo depois do final da primeira parte, lançada em 2019. Natalie e Verônica ainda estão brigadas, Luiza está mais longe do filho, que mora com o pai no Canadá. A personagem de Taís Araújo vive e trabalha no Quênia, está fora da ONG, enquanto a de Débora Falabella segue enfrentando os fantasmas da traição de sua amiga com seu ex-marido. “Natalie vem com questões pessoais muito fortes por conta de tudo que viveu na primeira temporada, como lidar com a perda do bebê no final da gestação e a descoberta da traição”, conta Débora em entrevista ao Estadão. Agora, sem a presença de Verônica, pelo menos em um primeiro momento, ela e Luiza tocam juntas o trabalho na ONG. “E isso acaba trazendo questões para as duas.”

    O QUE ESPERAR

    O que se pode esperar desta nova temporada é um toque a mais de drama para as personagens. Com relação a Aruana, a ONG amadureceu. “Ela teve de se reinventar financeiramente, fisicamente e organizacionalmente”, afirma Marcos Nisti.

    Além disso, as protagonistas ganharam mais profundidade. “A gente pôde evoluir os dramas internos delas, com a Natalie flertando com o alcoolismo, entendendo que sem Verônica ela está com um vácuo interno. Luiza vai ter de escolher entre a maternidade e o ativismo com muito mais força. E Verônica, tendo de ver como ela vai conseguir o perdão da amiga”, continua Estela. Além disso, temos a volta de Olga (Camila Pitanga), que também vai ter sua história mais exposta aos espectadores, incluindo uma relação amorosa de seu passado que ressurge. Segundo Débora, vamos conhecer uma Natalie menos estável emocionalmente. “Ela continua forte e firme com aquilo que acredita, acaba se sentindo um pouco responsável pela Aruana com a partida de Verônica. Mas acho que ela está mais desequilibrada, um pouco mais autodestrutiva”, explica ainda.

    Parte do resultado que aparecerá nas telas é graças também às relações construídas ao longo do tempo nos bastidores. “A gente tem uma parceria que se formou e eu me sinto muito feliz de estar do lado de mulheres que eu já admirava”, aponta Débora.

    E isso também reflete na obra. “Tem um jogo de relações, de complexidades de sentimentos entre elas que a gente pôde amadurecer porque elas mesmas nos deram isso de presente. E, com isso, a gente pôde criar personagens novos”, revela Estela.

    TRAMA PRINCIPAL

    Desta vez, a trama principal de Aruanas se passa na cidade fictícia de Arapós, no interior de São Paulo, onde o prefeito Enzo, vivido por Lázaro Ramos, se gaba dos ótimos números ambientais. O mote da série é a aprovação de uma Medida Provisória que beneficiaria petrolíferas. Além de Lázaro, a temporada tem como novidade Daniel de Oliveira como Théo, novo investidor e presidente do conselho da ONG; e também filho de uma família dona de um frigorífico. Ainda estão no elenco da segunda temporada Lima Duarte, que faz Mauro, personagem que vai dar início às investigações da ONG, e o ator português Joaquim de Almeida, que interpreta Robert Johnson, inglês que trabalha na indústria do petróleo.

    HISTÓRIA

    Estela e Marcos contam que desenvolver uma narrativa ficcional com questões ambientais é uma maneira de conversar com o grande público sobre temas caros a todos. “Nossa forma de conduzir nossos conteúdos vem muito do que é mais urgente, e uma pauta em comum é o aquecimento global”, observa Estela sobre a escolha da temporada.

    O tema da mineração em área de reserva indígena e do desmatamento na Floresta Amazônica, presentes na primeira temporada, se tornou parte da agenda ambiental quando foi lançada. Segundo os autores, pesquisa realizada após a exibição da série com o público mostrou que 87% das pessoas queriam conhecer mais o assunto e se engajar.

    Da mesma forma, eles acreditam que falar sobre poluição do ar e matriz energética baseada na queima de combustíveis fósseis pode tornar-se tema entre as pessoas. “Foi o assunto da COP26”, lembra Estela.

    Como parte do elenco, Débora diz que participar da série, conhecer o dia a dia de ativistas, a ajudou a entender melhor o tema. “Já tinha consciência, mas Aruanas ampliou isso, me aproximei muito mais dessa situação”, conta. “Me sinto muito feliz sendo porta-voz de um assunto tão urgente e de ver como o audiovisual liga e conecta pessoas, causa interesse, me sinto muito honrada. A gente (artista) tem muita sorte de aprender com os trabalhos”, completa.

    PANDEMIA

    As gravações da série se iniciaram em março de 2020, duas semanas antes de ser decretado o isolamento social e a suspensão das atividades no setor audiovisual em todo o mundo. E foram retomadas apenas em janeiro de 2021, quase um ano depois, seguindo protocolos de segurança.

    Durante o processo, as cidades de São Paulo, Cubatão, Campinas e São Roque serviram de locações. Foi a primeira gravação externa em diferentes cidades após a fase aguda da pandemia. “A gente teve uma dificuldade da pandemia de parar e voltar, e isso me dava uma sensação de falta de controle da personagem”, recorda Débora. Mas no fim deu tudo certo. Adaptações na produção foram necessárias para garantir a segurança de todos. “Foi o maior aprendizado das nossas vidas, e a noção de que o trabalho só poderia ser bem-sucedido com o espírito de equipe”, diz Lipe Binder, diretor da segunda temporada. “Foi muito lindo ver como o Lipe levou essa história e eu me senti muito segura, cumprindo protocolos e sem casos na produção”, finaliza Débora.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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