Artistas brasileiros se rendem de vez à tecnologia de NFT
Quem entrar na Galeria Leblon a partir de quarta, 29, no Rio, não irá encontrar ali uma exposição convencional. Ainda que tenha quatro esculturas em bronze assinadas pelo artista e fotógrafo Beto Gatti, a maior parte da exibição será composta por um artigo virtual: o NFT. São 14 obras digitais no local, unindo a contemporaneidade de Gatti com seu trabalho como fotógrafo.
Afinal, mais do que uma forma de vender sua arte, Gatti vê o NFT como uma possibilidade de acompanhar as movimentações do mercado e misturar elementos de várias áreas do conhecimento, como foto, vídeo e escultura: “Essa tecnologia abriu um leque de possibilidades do meu trabalho, de como expressar artisticamente. A imagem não fica mais estática. Temos interação, tem som, se mexe. É como um filme do Harry Potter.”
Hoje, Gatti é um dentre vários brasileiros que estão encontrando espaço com o NFT. Em Nova York, na última semana, a fotógrafa Livia Elektra teve uma foto de sua autoria exposta em um telão na Times Square. Já a partir de 30 de junho, Marcus MPC, fundador da coleção CryptoRastas, encabeça a exposição NFT.Rio, que vai reunir criações de cem artistas no Parque Lage.
Na outra ponta da equação, o Brasil se consolida como o segundo maior mercado da tecnologia: são cinco milhões de brasileiros donos de NFT, segundo a pesquisa Statista Digital Economy Compass 2022. Os artistas celebram. “É um momento muito bom. As pessoas e os artistas estão descobrindo melhor essa tecnologia, também como forma de financiar o trabalho”, afirma Marcus, do CryptoRastas.
POR DENTRO DO NFT. Apesar de ser conhecida pelo apelido NFT, a tecnologia tem nome e sobrenome: token não fungível. Em termos gerais, são itens digitais, como imagens, vídeos e áudios, com registro na rede blockchain. Uma espécie de livro-caixa, onde tudo do mercado cripto fica registrado. Assim, os NFTs se tornam à prova de falsificações e vendas ilegais.
Ou seja, o NFT não é um tipo de arte, um limitador. É, na verdade, uma nova forma de os artistas se expressarem, misturando técnicas e olhares. Gatti, por exemplo, não precisa mais vender as esculturas. Pode vender vídeos das obras. Fotos com novos olhares. Tudo digital. Afinal, o comprador não leva a escultura para casa, mas sim essa imagem digital.
Parece complicado, mas é um processo simples. De um lado, o artista, com sua obra em formato digital, a coloca em uma plataforma, como a OpenSea, que faz registro na blockchain. O comprador paga pela obra, usando geralmente a criptomoeda Ethereum. Depois, pode revender, como investimento, ou colecionar. Na outra ponta, alguns artistas veem o NFT como forma de liberdade. “Parte do dinheiro gerado nesse sistema volta para a comunidade artística, descentralizando parte do lucro e ampliando a quantidade de artistas que conseguirão gerar renda”, afirma Nino Arteiro, no mercado desde 2018. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.