Deputados da Comissão Especial de Acompanhamento dos Trabalhos em Petrópolis da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) tentaram sem sucesso fazer uma vistoria no prédio adquirido pela Prefeitura na Rua Floriano Peixoto, no Centro, na tarde desta segunda-feira(25). O imóvel, com 32 unidades, foi adquirido para funcionar com um abrigo temporário, e é objeto de denúncias da Comissão Especial de Transparência da Câmara Municipal.
Com escolta da Polícia Militar, na presença de dois vereadores – Octávio Sampaio (PSL) e Marcelo Lessa (SD) -, os deputados tentaram a entrada no prédio. Um chaveiro foi até o local, o que gerou tensão entre o presidente da Comissão, o deputado Rodrigo Amorim (PTB) e o vereador Marcelo Lessa, mas a Comissão acabou optando por não entrar.
Uma equipe da Alerj utilizou um drone para tentar vistoriar, ainda que de fora, pelas janelas, as unidades. O prédio possui 20 kitinetes e 12 apartamentos. Após mais de uma hora de espera pela presença do executivo, a comitiva acabou desistindo da entrada forçada e vai notificar a Prefeitura pelo não atendimento ao pedido .
De acordo com o deputado Amorim, a comitiva não poderia utilizar da força para entrar no imóvel e depois deixá-lo aberto, assim como temeram que o empreendedor, o chaveiro, que fizesse o serviço sofresse algum tipo de retaliação por parte do governo municipal.
“Vamos extrair a ata da reunião de hoje, e mais uma vez notificar formalmente a prefeitura que pretendemos fazer uma vistoria no imovel que, mais com um documento, desvendar o que tem aqui dentro. O vereador Octávio Sampaio apresentou fotos estarrecedoras de degradação e destruição desse ambiente”, afirmou o deputado.
A expectativa é que na próxima segunda-feira(02/05), quando os parlamentares estiverem novamente em Petrópolis para uma nova audiência pública na Câmara Municipal, a entrada seja viabilizada pela Prefeitura. O pedido de vistoria foi um encaminhamento do deputado Marcus Vinícius (PTB), relator da Comissão Especial da Alerj, durante a audiência desta tarde.
Comissões pedem transparência sobre aquisição do imóvel
De acordo com o vereador Octávio Sampaio, presidente da Comissão Especial de Transparência da Câmara, foi solicitado mais detalhes sobre a compra do imóvel, como o critério de transmissão na compra e venda, critério de alocação das famílias nas unidades e solicitou uma vistoria. “Quando fui até o local, o imóvel não era tão ruim, mas o terceiro andar estava comprometido, com mofo e infiltração nas paredes. Eles disseram que iam comprar o imóvel com urgência porque tinha gente precisando morar lá, tem mais de um mês e ainda não tem regulamentação”, disse Sampaio.
O prédio foi adquirido pela quantia de R$ 3,5 milhões, pagos com parte dos R$ 30 milhões doados pela Alerj. A compra foi anunciada pelo prefeito Rubens Bomtempo e pelos secretários de Administração e Fazenda, Ramon Mello e Paulo Roberto Patuléa, no dia 15 de março, no marco de um mês da tragédia.
Mais de dois meses da tragédia e ainda há nove abrigos em funcionamento
Até a última sexta-feira(22), o município tinha 142 pessoas em nove abrigos temporários. Sendo cinco abrigos da sociedade civil, um imóvel próprio da Prefeitura e três alugados. A Prefeitura disse em nota à Tribuna, que o prédio está passando por adequações como, por exemplo, instalação de telas de proteção para segurança das pessoas. Na tarde desta segunda-feira, a reportagem da Tribuna esteve no local acompanhando a comitiva dos parlamentares e o prédio estava fechado e não havia trabalhadores, e nem telas de proteção nas janelas.