• Após saída da Cascatinha, passageiros ainda enfrentam problemas com transporte público

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  • 21/jun 17:47
    Por Wellington Daniel

    Na última semana, completou um mês que a Cascatinha foi retirada de circulação, medida anunciada como “reestruturação do transporte público” pela Prefeitura. Porém, a partir dos relatos dos passageiros das quatro viações que ainda operam na cidade, a medida ainda precisará ser mais trabalhada. São diversas reclamações de quebras, atrasos, falta de linhas, não cumprimento de itinerários e superlotação.

    A situação mais crítica permanece com a Petro Ita, que está utilizando veículos da Cascatinha. Nesta sexta-feira (21), por exemplo, foram ao menos nove registros de quebras em coletivos da empresa, apenas durante a manhã. No dia 11 de junho, um ônibus da linha 404 – Duques também ficou pendurado em uma ribanceira.

    Leia também: Utilizando coletivos da Cascatinha, Petro Ita anuncia reforço de linhas

    “A cada dia, piora. Não tem melhoria, não vê perspectiva de melhora. Já teve um acidente no bairro, ali está muito complicado”, relatou o morador do Morin, Carlos Kapps, lembrando do acidente com um ônibus da viação em novembro do ano passado.

    No Meio da Serra, a moradora Maria Helena relata problemas com quebras constantes e falta de cumprimento de horários. “Tem dia que tem, mas tem dias que nem vem”, afirmou. “Tenho esperança de melhorar. Tem que trocar isso aí, pois essa carroça está quebrando todo dia”.

    Reclamações na Estrada da Saudade

    Na última quinta-feira (20), passageiros da linha Luiz Pelegrini, assumida pela Cidade das Hortênsias após a saída da Cascatinha, realizaram uma manifestação no bairro, impedindo a passagem dos coletivos. É que a linha e também a Montese e Alto da Boa Vista não estão mais com o itinerário até o Centro. Primeiro, faziam o esquema de “desce e sobe” e agora, estão indo até o Terminal Itamarati.

    Outra medida que também tem desagradado os passageiros é a mudança de pontos finais. “Aqui (na Praça do Bosque) não tem cobertura direito e mistura as filas dos ônibus, ficamos perdidos. O ônibus poderia ficar na Caldas Vianas, para gente é mais fácil”, reclamou a passageira Letícia Gilliardi.

    Os coletivos que voltaram para a Caldas Vianas ainda enfrentam problemas em relação aos horários e superlotação. Os relatos também apontam que a baldeação realizada no início da mudança estava fazendo com que a viagem demorasse até uma hora, entre o bairro e o Centro da cidade.

    “As mudanças têm prejudicado a população, por causa dos horários. Os ônibus continuam lotados, deveriam colocar mais ônibus para auxiliar”, disse a passageira Sandra Veiga. “Infelizmente, a gente tá vendo que ainda não está funcionando como o povo merece, até porque a passagem é muita cara”.

    Turp e Cidade Real

    Passageiros da Turp também reclamam de superlotação, principalmente, em linhas principais, como a 700 – Terminal Itaipava e 711 – Posse.

    Na Cidade Real, as reclamações também são referentes a horários e superlotação. A linha 160 – Terminal Itaipava, por exemplo, ficou algumas semanas sem operar com os “ônibus alongados”, que são maiores, o que fez com que os passageiros enfrentassem dificuldade no trajeto.

    Com a palavra, o Setranspetro

    Diante dos questionamentos feitos pela reportagem, o Setranspetro respondeu que:

    A Cidade Real informa que não houve qualquer troca do veículo alongado pelo convencional na operação da linha 160 – Terminal Itaipava x Rodoviária Bingen. O que normalmente acontece, segundo a empresa, é a substituição temporária, para a manutenção preventiva do veículo, procedimento adotado pela viação com regularidade, para manter a qualidade na prestação dos serviços. Nesta sexta-feira (21), o ônibus alongado de 13 metros está operando normalmente na região, com acréscimo de um veículo extra convencional.

    A Turp Transporte informou que, desde abril deste ano, a linha 700 – Terminal Itaipava conta com 100% da operação com veículos alongados, de 13 metros de comprimento, aumentando a capacidade de transporte por viagem em cada um dos veículos, em mais de 10%, considerando a oferta de lugares e espaço. Em contrapartida, devido à oferta de mais linhas de ônibus na região, a 700 – Terminal Itaipava apresentou uma queda de 3% na demanda de passageiros, nos últimos 30 dias.

    A empresa também esclarece que, assim como qualquer veículo em Petrópolis, todas as linhas de ônibus vem enfrentando graves problemas de mobilidade urbana, devido aos inúmeros congestionamentos no município. No trecho de 19,9 quilômetros de atendimento da linha 700, todos os dias são registrados congestionamentos. No sentido Itaipava, os impactos acontecem na região do Retiro, entrada do Carangola, entre o Terminal Corrêas e a Ponte de Corrêas, entrada de Nogueira à Bonsucesso, além do trecho que vai da 106ª DP ao Terminal Itaipava. No sentido Centro, do Shopping Estação ao Trevo de Bonsucesso, entrada do Castelo São Manoel ao Terminal de Corrêas, além do Palhoça ao Retiro.

    A Turp acrescenta, ainda, que a nível de comparação, em dias normais, em que não há impactos graves de engarrafamento, a linha 700 realiza o percurso entre a Rua Paulo Barbosa e Terminal Itaipava, ou vice-versa, em um tempo médio de 1h08. Em dias de congestionamento, o tempo é elevado em até 54%, sendo concluído em um tempo médio de 1h45, resultando em atrasos na operação e até perdas de viagens.

    Sobre a linha 711 – Posse, a Turp Transporte informou que desconhece e estranha qualquer possível motivo de reclamação, uma vez que, desde abril, toda a frota de ônibus convencional foi substituída por veículos zero quilômetro, alongados, de 13 metros de comprimento, com aumento de 10% na capacidade de lugares e espaço. Inclusive, não consta nenhum registro de reclamação sobre a referida linha à empresa, que cumpre a operação normalmente, com ênfase, novamente, à capacidade superior de atendimento.

    A Cidade das Hortênsias esclarece que está cumprindo com o que foi proposto, por meio de decreto, para a operação da frota na região da Estrada da Saudade. Todo e qualquer eventual ajuste está sendo realizado de forma responsável, analítica e técnica, informou. A empresa acrescentou que vem recebendo uma série de elogios pelos passageiros da região, tendo em vista a ampliação do número de viagens, como por exemplo, na via principal da Estrada da Saudade, que recebeu a linha troncal 326 – Boa Vista, com maior frequência de partidas. Os investimentos na operação resultaram, inclusive, no aumento de 15% na demanda de passageiros na Estrada da Saudade, logo nas primeiras duas semanas de operação.

    A Petro Ita informa que está passando por um processo de mudança, e que está obtendo resultados positivos nas regiões atendidas. Somente neste mês de junho, quando comparado ao mês anterior, a empresa disse ter registrado 2,3 mil viagens a mais por semana.

    “A empresa segue com planejamento extraordinário de manutenção, com reforços. As melhorias seguem acontecendo e, nos próximos dias, serão, cada vez mais, notadas pelo passageiro. As empresas Petro Ita e Cascatinha pertencem ao mesmo grupo e todos os equipamentos do grupo ficam inteiramente disponíveis para atender a população”, conclui.

    Investimentos

    O Setranspetro informou que, “neste ano, todas as empresas realizaram investimentos milionários, na compra de ônibus zero quilômetro e seminovos, peças, equipamentos, as mais recentes tecnologias do mercado, segurança, questões ambientais, mão de obra qualificada, entre outros”.

    Somente em frota, segundo o sindicato, “a Cidade Real adquiriu 23 ônibus zero quilômetro e sete seminovos, investimento em torno de R$ 23 milhões; Turp Transporte comprou 18 ônibus zero quilômetro, investimento aproximado de R$ 10 milhões; Cidade das Hortênsias adquiriu três ônibus zero quilômetro e seis seminovos, investimento de R$ 5,7 milhões; e Petro Ita já investiu o equivalente a 1,3 milhão na compra de peças para a frota, com ajustes, melhorias, reformas e manutenções dos veículos”.

    Vencimento e documentação

    O Setranspetro também informou que, diversas instituições reguladoras e gestoras do transporte no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil, consideraram o período de pandemia, em que houve uma queda drástica no número de passageiros, para acrescentar no cálculo da vida média útil dos veículos. Sendo assim, as operadoras, cientes do período estipulado para a renovação, seguem substituindo os coletivos, através da renovação da frota. Sobre documentação, o Setranspetro destaca que as empresas estão realizando a devida regularização que possa estar pendente.

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