• Apenas um terço dos profissionais de saúde foi testado para covid-19

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  • 30/07/2020 17:55

    Apenas um em cada três profissionais de saúde foi testado para covid-19, de acordo com levantamento divulgado hoje (30), pelo Núcleo de Estudos da Burocracia (NEB), da Fundação Getulio Vargas (FGV). Embora as categorias da área estejam expostas, diariamente, a um alto risco de contágio da doença, somente metade dos funcionários recebeu equipamentos de proteção individual (EPI) para desenvolver suas atividades, no mês passado.

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    Os EPI faltaram, sobretudo, entre agentes comunitários de saúde e os agentes de endemia. Em junho, apenas 32% deles receberam esse tipo de item, por iniciativa dos respectivos empregadores. O índice está somente um pouco acima do registrado em abril, de 19,65%.

    Os apontamentos foram elaborados com base em uma segunda devolutiva do estudo A Pandemia de Covid-19 e os Profissionais de Saúde Pública no Brasil. O levantamento ouviu 2.138 profissionais da saúde pública, de todos os níveis de atenção e regiões do país, entre os dias 15 de junho e 1º de julho.

    A amostragem é composta por 40% de agentes comunitários e agentes de controle de endemia, 20,8% de profissionais de enfermagem, 14,7% de médicos e 23,8% de outros profissionais do segmento.

    A primeira fase do estudo, realizada em abril, foi costurada a partir da percepção de 1.456 trabalhadores. Além de ampliar o número de entrevistados, os pesquisadores buscaram investigar aspectos relativos a saúde mental, assédio moral e testagem dos profissionais.

    Capacitação e medo

    Pelas respostas enviadas através de formulário, constata-se que os trabalhadores que tiveram treinamento para aperfeiçoar o atendimento durante a crise sanitária são minoria, a exemplo do que ocorreu em relação à testagem. A proporção dos profissionais que tiveram acesso a uma capacitação específica sobre atendimento durante a pandemia subiu de 21,91% para 32,2%, entre abril e junho. No cômputo, foram considerados médicos e técnicos de enfermagem.

    Tais números podem ser relacionados a outro índice: o que mensura o nível de temor quanto à covid-19. Ao todo, 89% de agentes comunitários de saúde e agentes de combate à endemia reconheceram sentir medo da doença, mesmo sentimento compartilhado por 83% dos profissionais da enfermagem, 79% dos médicos e 86% de demais profissionais da área de saúde.

    A preocupação é justificada não só pelo contexto geral, mas porque sentem que a infecção se avizinha, já que 80% dos entrevistados declararam ter ao menos um colega contaminado pelo novo coronavírus nessa segunda fase da pesquisa. Anteriormente, esta parcela era de 55%.

    No que concerne à atuação do governo federal, a avaliação piorou. Em abril, 67% diziam não sentir que tal esfera do poder público os apoia, parcela que aumentou para 78% em junho. A insatisfação é superior à observada quanto à falta de suporte do governo municipal, que foi de 58%.

    Saúde mental

    Outros aspectos abordados foram o assédio moral e o comprometimento da saúde mental, que atingem, respectivamente, 30% e 78,2% dos profissionais consultados pela FGV. Mesmo diante dos problemas, somente um quinto (20%) afirmou ter recebido algum tipo de apoio do estado para enfrentá-los.

    A confluência de fatores destacados pelos profissionais, que, majoritariamente (95%) teve sua rotina alterada, ajuda a explicar por que 70% deles não se sentem preparados para lidar com a pandemia. Na primeira fase da pesquisa, o índice era 64,97%.

    Conforme explica a coordenadora da pesquisa, Gabriela Lotta, a omissão das autoridades governamentais “cria uma situação muito tensa de trabalho, na qual prevalecem o medo e o sentimento de despreparo”. Como consequência disso, acrescenta a especialista, surge um aumento dos casos de transtorno mental, adoecimento, afastamento do trabalho e até morte.

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